Sábado, 27 de fevereiro de 2010
Primeira Semana da Quaresma - 1ª Semana do Saltério (Livro III) - cor Litúrgica Roxa
Santos do Dia: Antígono e Fortunato (mártires de Roma), Ana Lina (viúva, mártir), Basílio e Procópio (monges de Constantinopla), Gabriel da Virgem Dolorosa (religioso passionista), Honorina da Normandia (virgem, mártir), Juliano, Euno e Besa (mártires de Alexandria), Francisca Ana das Dores de Maria (virgem, bem-aventurada), Manuel de Cremona (bispo, bem-aventurado).
Antífona: A lei do Senhor é perfeita, conversão para a lama. O testemunho do Senhor é verdadeiro, sabedoria para os simples. (S 18,8)
Oração do Dia: Convertei para vós, ó Pai, nossos corações, a fim de que, buscando sempre o único necessário e praticando as obras de caridade, nos dediquemos ao vosso culto. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
"O PÃO NOSSO DE CADA DIA" TRANSMITIDO PELA REDE VIDA DE TELEVISÃO DIA 27/02/10.
Padre Fernando J. C. Cardoso
Arquidiocese de São Paulo
Reserva-nos o Senhor, uma lição amarga para muitos de nós neste sábado quaresmal. “Ouviste o que foi dito: Amarás teu próximo e odiarás o teu inimigo eu, porém vos digo: Amai os vossos inimigos, rezai pelos vossos perseguidores”.
Na verdade esta ordem insólita e aparentemente antinatural de Jesus lança as suas raízes profundas na aliança que Deus realiza com cada um de nós. Ao se reportar a cada um, Deus nos transforma de criaturas, em filhos e desta feita deseja que nós O imitemos em todas as nossas ações.
Acontece que os nossos inimigos são também filhos de Deus, são também chamados a aliança com Deus. Aqueles que nos fazem mal estão muitos deles no mesmo Corpo de Cristo que estamos nós.
Não podemos nos unir a Cristo sem nos unirmos a todos aqueles que, com Cristo e em Cristo, formam um único corpo. Quando nós comungamos não recebemos apenas a cabeça desligada dos membros; juntamente com a cabeça vem todos os membros, até mesmo aqueles membros que nos são antipáticos, particularmente hostis ou quem sabe até inimigos.
Por sermos todos filhos de um mesmo Pai, por termos todos um destino final único, a Vida Eterna, as inimizades devem ser diluídas, devem ser dissolvidas.
Não é dito que nós devamos ser amigos daqueles que nos olham de maneira hostil, mas perdoar-lhes, rezar por eles, não guardar rancor no coração, isto sim porque nós precisamos imitar a Deus e Deus, seja o que for, Deus os ama, Deus os quer e tem o mesmo destino sonhado conosco para com eles também.
É uma lição amarga, eu disse e repito que esta ordem vai contra a natureza, não importa, Jesus não se limitou apenas a nos mandar como no sermão da montanha: do alto da cruz lá pregado, ele deu exemplo e rezou pelos seus inimigos: “Pai perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” e de resto nós também não sabemos o que se passa no intimo do coração daqueles que nos são hostis.
Eliminemos esta categoria da nossa vida espiritual e seremos mais filhos de Deus.
I Leitura: Deuteronômio (Dt 26, 16-19)
Permanecer fiel ao amor de Deus
Moisés dirigiu a palavra ao povo de Israel e lhe disse: 16"Hoje, o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma. 17Tu escolheste hoje o Senhor para ser o teu Deus, para seguires os seus caminhos, e guardares seus preceitos, mandamentos e decretos, e para obedeceres à sua voz.
18E o Senhor te escolheu, hoje, para que sejas para ele um povo particular, como te prometeu, a fim de observares todos os seus mandamentos. 19Assim ele te fará ilustre entre todas as nações que criou, e te tornará superior em honra e glória, a fim de que sejas o povo santo do Senhor teu Deus, como ele disse". Palavra do Senhor!
Comentando a I Leitura
Para que sejas o povo santo do Senhor teu Deus
Deus toma sempre a iniciativa da aliança, por isso não pode o homem assumir a atitude farisaica de quem gaba merecimentos diante dele ou se põe num plano de igualdade com ele. Deus, além do mais, levará o seu plano a bom êxito, apesar da infidelidade de Israel, ou das infidelidades do povo da nova aliança. Entretanto, Deus respeita e solicita a adesão do homem; não salva o homem sem o homem, sem total fidelidade à condição humana. Salva-o, assim, através daquilo que é o mais próprio da condição humana sobre a terra: a morte. Salva-o mediante a morte de Cristo. A aliança é, antes de tudo, eleição de Deus, que nos escolheu por amor. No entanto, e também eleição do povo, que não reconhece outro Deus além do seu Senhor; nem outra lei que a sua palavra. Em Cristo, Deus-e-homem, manifesta-se a gratuidade da escolha de Deus e realiza-se a livre resposta do homem. Cristo, presente na Eucaristia, faz-nos participar em sua fidelidade ao Pai, e pede à Igreja que tenha a mesma fidelidade, para mostrar ao mundo o semblante de Deus, o Deus da aliança, presente nas vicissitudes humanas. [Extraído do MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]
Salmo: 118 (119), 1-2.4-5.7-8 (R/.1b)
Feliz é quem na Lei do Senhor Deus vai progredindo!
1Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! 2Feliz o homem que observa seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus!
4Os vossos mandamentos vós nos destes, para serem fielmente observados. 5Oxalá seja bem firme a minha vida em cumprir vossa vontade e vossa lei!
7Quero louvar-vos com sincero coração, pois aprendi as vossas justas decisões. 8Quero guardar vossa vontade e vossa lei; Senhor, não me deixeis desamparado!
Evangelho: Mateus (Mt 5, 43-48)
Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 43”vós ouvistes o que foi dito: ´Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!” 44Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! 45Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinários? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.Palavra da Salvação!
Comentário do Evangelho
O Pai, modelo da perfeição
A ordem de Jesus pode, à primeira vista, parecer exorbitante e inexequível. Quem será tão pretensioso a ponto de querer igualar-se, em perfeição, ao Pai? Não foi essa a tentação de Adão e Eva, no paraíso, quando ousaram querer ser como deuses, conhecedores de toda a ciência do bem e do mal? Conhecemos o resultado de tal ousadia.
Urge entender, de maneira conveniente, o preceito de Jesus, para não tachá-lo de injusto. A ordem do Mestre desponta na vida do discípulo como um ideal, embora sabendo que jamais será alcançado. Com isso sentir-se-á impulsionado a progredir, sem se dar por satisfeito com as metas já alcançadas. Existe sempre a possibilidade de ir além e descobrir novas formas de manifestar o amor ao semelhante, de fazer-se servidor dos mais necessitados, de buscar construir comunhão e reconciliação entre todos os seres humanos, sem acepção de pessoas.
Agindo assim, o discípulo torna-se sacramento da perfeição divina na história humana. Seu modo de proceder funcionará como um alerta para quem ainda não se deu conta de quem é o Pai e do que ele exige de nós.
O discípulo deve recusar-se, peremptoriamente, a modelar o seu agir pelos esquemas mundanos, calcados no egoísmo. É o Pai que, no esplendor de sua perfeição, aparece como modelo a ser imitado. (O EVANGELHO DO DIA, Ano “A”. Jaldemir Vitório. ©Paulinas, 1996)
Sede perfeitos como o vosso Pai celestial
Postado por: padrepacheco
fevereiro 27th, 2010Existe uma frase de São João da Cruz que diz:“Onde não há amor, coloque amor e obterás amor.” Numa outra ocasião, o nosso saudoso Papa João Paulo II afirma que em uma realidade na qual o que reina é o ódio, a única realidade a transformar tal situação é a vivência do amor; se não for esse sentimento nobre a situação retornará com força maior.
A liturgia, para nós, hoje, nos quer chamar a atenção diante daquelas realidades de ódio, de perseguição, de inimizades que nos assolam. O que fazer com isso? Qual procedimento devemos tomar? Se respondermos com a mesma moeda não nos diferenciamos dos pagãos; mas se respondemos as adversidades com amor, aí está o mais profundo sentido do Cristianismo: o amor concreto como resposta ao desamor.
Atrás deste “fazer o bem aos que nos fazem mal” está um objetivo muito grande no Coração de Deus; Ele tem desejo de curar estas pessoas que nos fazem mal por meio do amor que somos chamados a depositar e derramar sobre elas. Nunca me esqueço da história de uma mulher que estava casada havia alguns anos. Passado algum tempo, seu esposo desenvolveu um problema seriíssimo de alcoolismo. Este homem, após sua conversão, testemunha que sempre quando bebia e ao voltar para casa fazia de tudo para a esposa brigar com ele, de modo que encontrasse motivo de também brigar e poder retornar ao vício, saindo de casa. E uma coisa sempre desconcertava aquele homem: o amor da esposa.
Quando ele vinha, naquele estado de embriaguez, para dentro de casa, a esposa, muito antes, já sabia do estado no qual ele chegaria em casa. Ela, na firme decisão de amar e não se revoltar, frente a uma pessoa que lhe fazia mal, preparava a mesa com a comida preferida dele. Ela relata que, muitas vezes, a faca que cortava a carne para o jantar, ela queria, na verdade, cortar era o seu esposo; mas nesse momento ela pensava consigo: “Ou eu o amo e transformo esta situação ou a situação ficará de mal a pior.” Sempre resolveu amar. Ela preparava a mesa do jantar com a comida que ele mais gostava, tomava um banho e ficava toda linda para receber seu esposo – não merecedor, humanamente falando. Fazia tudo chorando, muitas vezes, eram lágrimas com sangue.
Quando ele chegava em casa, sua consciência era invadida de arrependimento e remorso. Pensava consigo o que estava fazendo, pois quanto mais mal fazia a ela, mais era amado pela esposa. Ele dizia ter que dar uma resposta diferente, uma resposta à altura, uma resposta de amor. Com isso, dentro de pouco tempo, suplicou ajuda, pediu perdão e retomou sua vida, pois não conseguia permanecer mais naquela realidade de desamor para com a sua família, visto o amor que recebia de cada um deles, a começar pela esposa que o amava de verdade. O mais lindo disso tudo é que essa não é mais uma estória, mas uma história: real, experienciada, que Deus quer fazer acontecer na vida de cada um de nós.
Amar é decisão! Ou amamos ou não seremos cristãos. O amor está intrinsecamente relacionado com o acolhimento. Acolher é trazer o outro para dentro do nosso coração;amar é acolher o outro a partir daquilo que ele tem de pior! Acolher o outro a partir daquilo que ele tem de melhor é conveniente, bom, fácil; puxa-saquismo, na verdade…! Agora, amar o outro a partir daquilo que ele tem de pior é amor de verdade. Entendendo que amar não significa concordar com o erro do outro, diga-se de passagem.
Se fizermos o bem somente àqueles que nos querem bem, que recompensa teremos? Os pagãos também fazem isso. Atitude de cristão é bem diferente. A solução para todas as coisas na nossa vida encontra-se no amor; no amor-entrega, no amor-comprometimento, no amor-doação, no amor-sacrifício… Amor interesseiro, descomprometido, pegajoso, é tudo, menos amor.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
Contexto: Discurso Evangélico (Jesus expõe o espírito novo do Reino de Deus)
Leituras paralelas: Lc 6, 27-36; Rm 12,20; Lc 23, 34; Eclo 4, 10
Para sua reflexão: Trazendo o Evangelho do Dia para a nossa realidade presente, por exemplo, é duro ter que amar um assassino de um parente! É duro amar um irmão que, por falso testemunho, tirou o meu emprego e desestabilizou a minha vida financeira e a minha família. Enfim, é muito difícil amarmos a quem nos faz o mal, mas este é o desafio segundo os preceitos do Senhor. Para a maldade cabe apenas o nosso perdão; certamente ele não vai trazer de volta a vida de uma pessoa assassinada, por exemplo, mas vai nos deixar em paz com o próximo. No mais a justiça do Senhor resolverá essas questões, segundo a vontade e os desígnios Dele (a justiça dos homens, nem sempre), pois não somos juízes nem poderemos fazer justiça utilizando os nossos próprios critérios. Em quaisquer circunstâncias, seguir e praticar a Palavra do Senhor é o desafio e a certeza de que seremos recompensados de alguma forma mais à frente. “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus..." (1Jo 14, 1)
São Gabriel das Dores
São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, que o nome de batismo era Francisco Possenti, nasceu na cidade de Assis na Itália em 1838. Órfão de mãe aos quatro anos foi para Espoleto onde estudou em instituição marista e Colégio Jesuíta, onde viveu até os 18 anos. Em 1856 ingressou na congregação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, fundada por São Paulo da Cruz, ou seja, os Passionistas. Sua espiritualidade foi marcada fortemente pelo amor a Jesus Crucificado e a Nossa Senhora das Dores. São Gabriel de Nossa Senhora das Dores passou a ser chamado desta forma pela sua grande devoção e admiração que nutria pela Virgem Dolorosa. Morreu aos 24 anos, no dia 27 de fevereiro de 1862. Foi beatificado em 1908, pelo Santo Padre Pio X e canonizado em 1920 por Bento XV. Em 1926 o então Papa, Pio XI o nomeou o co-patrono da Ação Católica.
O tirano morre, e seu reino acaba. O mártir morre, e seu reino começa. (Süren Kierkegaard)
No Brasil, quando o feriado é religioso, até ateu comemora.(Jô Soares)
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