segunda-feira, 11 de julho de 2011

São Bento, abade, patrono da Europa, +547

São Bento


São Bento nasceu em Núrsia, na Úmbria, por volta do ano 480.

Após concluir os seus estudos em Roma, retirou-se para o monte Subíaco e entregou-se à oração e à penitência. É o fundador do célebre mosteiro do Monte Cassino. Escreveu ali a sua famosa Regra. É considerado o pai do monaquismo no Ocidente.

Morreu no dia 21 de Março de 547. Duzentos anos após a sua morte, a Regra Beneditina havia-se espalhado pela Europa inteira, tornando-se a forma de vida monástica por toda a Idade Média.

Os monges beneditinos exerceram papel importante na evangelização e nos evangelizadores da Europa medieval.

"Orar e trabalhar, contemplar e agir" é a síntese da Regra Beneditina. A vida religiosa não é privilégio exclusivo de seres excepcionais e bem dotados espiritualmente. É possível a todos os que queiram buscar a Deus. Moderação é a tónica geral. Nela já não se fala de mortificação e de penitências: um bom monge era aquele que não era soberbo nem violento, "não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso, não murmurador ..."

Não é de estranhar que o emblema monástico tenha passado a ser a cruz e o arado ...

Com S. Cirilo e S. Metódio, S. Bento foi declarado patrono da Europa.



São Bento, o patriarca dos monges do Ocidente, é comparado com Abraão, o pai dos crentes, porque Deus o abençoou também com uma posteridade mais numerosa que as areias do mar e as estrelas do céu. Nascido em Núrsia da Úmbria, Itália, pelo ano de 480, de família nobre, consagrou-se aos estudos em Roma; depressa, contudo, abandonou esta cidade por causa da imoralidade reinante entre os seus condiscípulos, e refugiou-se, primeiro em Enfide, aldeia da Sabina, e depois numa caverna existente no vale do Aniene, perto de Subiaco, onde se votou à oração e à penitência. Descrevendo a fecundidade deste retiro, pôde alguém dizer:
«O que de lá saiu pela graça de Deus é maior que a azinheira frondosa originada na semente que lança uma criança à borda do caminho; maior e mais duradouro que tudo o que realizaram o gênio e a espada; depois da árvore da cruz, Deus não plantou na terra nada tão magnífico e que tenha produzido tantos frutos. No mundo não havia senão as forças destruidoras. Deus lançou entre os penhascos aquele jovem desconhecido, aquele menino de tudo desprovido, para tomar como esposa e dela gerar uma raça de heróis que a tudo haviam de resistir, tudo venceriam e tudo restaurariam. Aquela gruta era o abrigo da civilização. Tudo se mantinha em germe invisível no interior das rochas de Subiaco. Lá se iria formar o grande Seminário de Cristo, viveiro de Bispos, de Papas, de civilizações, de doutores e de mestres do mundo».
A semente de frutos tão prolíficos foi a Regra dos Mosteiros que redigiu S. Bento nas solidões de Subiaco para os 12 mosteiros que ali nasceram à sua volta. Em cada mosteiro colocou 12 monges e um abade, querendo, por assim dizer, reproduzir o colégio dos 12 apóstolos sob a direção de Cristo. Nobres romanos, tais Équício e Tertúlia, entregaram-lhe os filhos - santo Amaro e são Plácido - a quem dedicaria sempre temo e profundo carinho.
Já indicamos o milagre que são Bento realizou, levando Amaro a salvar Plácido de morrer afogado. S. Bento atribuiu o prodígio à obediência de Amaro. Este, por sua vez, à ordem do abade, pois ele nem sequer notara ter pisado a água. Plácido interveio dizendo que, enquanto caminhava pelo rio, via o manto do Padre Bento debaixo dos pés e parecia-lhe que era o manto que o arrastava para a margem Assim, observa Bossuet, recordando o milagre, a obediência dá graça para cumprir o que se manda e dá o mandato para que seja eficaz a obediência.
Passara já são Bento 20 anos de suores nas imediações de Subiaco, quando se viu forçado a abandonar aquele berço da sua infância espiritual, devido às intrigas maquinadas contra ele por clérigos invejosos. Desterrou-se voluntariamente, por amor da paz, seguindo os caminhos de Deus. No meio da planície da Campânia ergue-se a montanha de Cassino; para lá sobe o santo e lá funda o mosteiro que será berço e centro da Ordem Beneditina. Em vez do templo de Apoio e Júpiter, levanta outro em honra de são Martinho e são João. A graça de Deus acompanha-o e dá-lhe o triunfo sobre todas as dificuldades que lhe vêm ao encontro.
São Gregório pinta-nos S. Bento como imagem da perfeita justiça: «Estava cheio do espírito de todos os justos». Por isso tinha à sua livre disposição o poder e a sabedoria de Deus. Penetrava no futuro e mudava as forças da natureza.
O mesmo santo explica ao diácono Pedro porque fez são Bento tantos milagres: «Porque admirar que tivesse o poder divino quem estava iniciado nas intimidades divinas? E como não havia de conhecer os segredos da Divindade, uma vez que observava os seus mandamentos? Pois está escrito: "Quem se une ao Senhor, constitui com Ele um só espírito" (1 Cor 6, 17). E parece impossível, quem é um mesmo espírito com outro, deixar de conhecer os seus pensamentos».
O mesmo são Gregório nos conta um fato que revela a sabedoria divina de S. Bento: “À janela invocava a Deus todo-poderoso e, de repente, no meio das trevas viu uma luz que descia do céu e desfazia a noite. Era mais brilhante que o dia mais claro. Nesta visão passou-se uma coisa admirável, porque, segundo ele contava, o mundo inteiro apresentou-se-lhe aos olhos condensado num raio de sol”.
Se alguém perguntava a S. Gregório como podia o homem ver o mundo inteiro num só olhar, respondia-lhe o Santo Doutor: «Para uma alma que vê o Criador, toda a criatura é pequeníssima. Diante da luz divina, o que não é Deus toma-se insignificante; pois, como a claridade da visão interior da alma se dilata e eleva dessa maneira em Deus, que chega a ser superior ao universo - vendo na sua elevação o que fica a seus pés compreende a pequenez do que antes não podia abarcar).
Com esta luz, que lhe vinha da união íntima com Deus, explicam-se a sublimidade da regra de são Bento e a sua influência perene na vida de perfeição da Igreja. A regra de são Bento, obra de caráter legislativo ainda em vigor passados 1400 anos, é fruto de um espírito romano versado em leis, com talento prático e organizador, mas sobretudo dum santo intimamente unido a Deus.
Inspirado na Sagrada Escritura, nas obras do Santos Padres e Doutores da Igreja, e sobretudo na Regra de são Basílio, fez uma adaptação pessoal, uma síntese maravilhosamente acomodada ao espírito ocidental. É a Regra da vida cenobítica(monática), quer dizer, vida em comum, e não eremítica, para se adquirir a perfeição do Evangelho.
Dois são os gonzos nos quais gira toda a vida comum para S. Bento: a obediência e o trabalho. A primeira exige do súdito muita fé e muita humildade; do superior, muita caridade e muita prudência. O trabalho há de ser espiritual e manual: trabalho interior da alma que se santifica com a oração, a meditação e os louvores divinos; trabalho exterior literário ou manual, que obriga rigorosamente o monge. Bossuet chamava à Regra de são Bento «Suma do cristianismo, resumo douto e misterioso de toda a doutrina do Evangelho, das instituições dos Santos Padres, de todos os conselhos de perfeição, na qual atingem o seu mais alto apogeu a prudência e a simplicidade, a humildade e o valor, a severidade, a doçura, liberdade e dependência, na qual a correção encontra toda a firmeza, a condescendência todo o encanto, a voz de comando todo o vigor, a sujeição todo o repouso, o silêncio a sua gravidade, a palavra a sua graça, a força o seu exercício e a debilidade o seu apoio».
São Bento morreu pelo ano de 547. Alma pura que, para vencer as seduções da carne, se lançou, nos anos do seu vigor corporal, sobre espinhos, voou para o seu Criador depois de para si abrir o sepulcro, seis dias antes da morte. Fez que o levassem à igreja, recebeu os Sacramentos e, encostado aos discípulos, morreu para viver eternamente no céu e na terra.
Pio XII chamou-lhe pai da Europa; e desta mesma o constituiu Paulo VI patrono, em 1964.

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