Segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Oitava Semana do Tempo Comum, Ano “A”, 4ª Semana do Saltério, Livro III, cor, Litúrgica Verde
Santos: Mártires da Peste de Alexandria, Protério (bispo e mártir), Romano e Lupicino (abades), Hilário (papa), Osvaldo de Worcester (arcebispo), Ângela de Foligno (beata e viúva), Vilana de Florença (beata e matrona), Hedviges da Polônia (beata e matrona), Antônia de Florença (beata e viúva), Luísa Albertoni (beata e viúva).
Antífona: O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama. (Sl 17,19-20)
Oração: Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais e vossa igreja vos possa servir alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
I Leitura: Eclesiástico (Eclo 17,2028)
Quão grande é a misericórdia do Senhor
20Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. 21Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, 22suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas. 23Volta ao altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a iniquidade. 24Conhece a justiça e os juízos de Deus e permanece constante no estado em que ele te colocou, e na oração ao Deus altíssimo. 25Anda na companhia do povo santo, com aqueles que vivem e proclamam a glória de Deus. 26Não te demores no erro dos ímpios, louva a Deus antes da morte; o morto, como quem não existe, já não louva. 27Louva a Deus enquanto vives; glorifica-o enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-o nas suas misericórdias. 28Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o seu perdão para com todos aqueles que a ele se convertem! Palavra do Senhor!
Comentando a I Leitura
Volta ao Altíssimo e conhece a justiça de Deus
A gratidão, o louvor, a glória de Deus são a mais alta função de nossa passagem pela terra dos vivos. Por isso, nós, em cuja vida a luz e eficácia profunda do Evangelho não transparecem com a evidência exigida por nosso caráter de batizados, crismandos ou ainda de sacerdotes e religiosos, temos necessidade de contínua conversão. Com efeito, no início de cada celebração eucarística, apresentamo-nos ao Senhor como “arrependidos”, que oram humildemente para que ele ofereça de novo e sempre “a possibilidade do retorno”. A conversão não é somente romper com o pecado e observar a lei de Deus. É, sobretudo, a constante e progressiva orientação para a união com Deus. É comungar em novidade de vida, é vontade de perseverar (=conversão contínua. [Missal Cotidiano, Paulus]
Sl 31(32),1-2.5.6.7 (R/.11a)
Ó justos, alegrai-vos no Senhor!
Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!
Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: "Eu irei confessar meu pecado!" E perdoastes, Senhor, minha falta.
Todo fiel pode, assim, invocar-vos, durante o tempo da angústia e aflição, porque, ainda que irrompam as águas, não poderão atingi-lo jamais.
Sois para mim proteção e refúgio; na minha angústia me haveis de salvar, e envolvereis a minha alma no gozo da salvação que me vem só de vós.
Evangelho: Marcos (Mc 10,17-27)
Vende tudo o que tens e segue-me!
Naquele tempo, 17quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: "Bom mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?" 18Jesus disse: "Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém.19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!" 20Ele respondeu: "Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude". 21Jesus olhou para ele com amor e disse: "Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!" 22Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.
23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: "Como é difícil para os ricos entrar no reino de Deus!" 24Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: "Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus!" 26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso e perguntavam uns aos outros: "Então, quem pode ser salvo?" 27Jesus olhou para eles e disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível". Palavra da Salvação!
Leituras paralelas: Mt 19,16-22; Lc 10,25-28; 18,18-23
Comentando o Evangelho
Para alcançar a vida eterna
A preocupação do homem rico, em relação à vida eterna, deu margem para Jesus ensinar aos discípulos a lição do desprendimento dos bens materiais. Estes são um empecilho no caminho para Deus, quando alguém se apega demasiadamente a eles, tornando-se incapaz de fazer uma ruptura radical, em vista das exigências do Reino.
Na conquista da vida eterna, há passos a serem dados, dos mais simples aos mais exigentes. O primeiro passo - observar os mandamentos - o homem já havia dado. Desde a sua mocidade, fora sincero no cumprimento de todos eles. Estava na hora de dar um passo a mais, mostrando-se mais generoso. Jesus indica-lhe que atitude deve tomar: desfazer-se de todas as suas propriedades, distribuindo-as entre os mais pobres, para tornar-se discípulo. Esta seria a forma de alcançar a vida eterna: desapegar-se dos bens, para servir a Deus e ao próximo.
A renúncia aos bens seria uma prova cabal de liberdade e uma demonstração de que os pobres efetivamente tinham importância para ele. O simples cumprimento dos mandamentos não era suficiente para evidenciar a profundidade do seu amor. Algo mais deveria ser feito!
Infelizmente, a insegurança da pobreza ou o apego exagerado a seus bens não permitiu ao homem tomar-se herdeiro da vida eterna. A riqueza foi inimiga da salvação! [Missal Cotidiano, Paulus]
Oração da Assembleia (Liturgia Diária)
-Pela vossa misericórdia e pelo perdão de nossos pecados. Obrigado/a, Senhor.
-Pelos que lutam por justiça e paz.
-Pelos que deixam seus bens para seguir os passos de Jesus.
-Pelos que partilham dons e bens com os necessitados.
-Por mais um mês de aprendizado e de vivência comunitária
(Outras intenções)
Oração sobre as Oferendas:
Ó Deus, que nos dais o que oferecemos e aceitais nossa oferta como um gesto de amor, fazei que os vossos dons, nossa única riqueza, frutifiquem para nós em prêmio eterno. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da comunhão:
Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos, diz o Senhor. (Mt 28,20)
Oração Depois da Comunhão:
Tendo recebido o pão que nos salva, nós vos pedimos, ó Deus, que este sacramento, alimentando-nos na terra, no faça participar da vida eterna. Por Cristo, nosso Senhor!
Falar da família emociona
Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá
Na última sexta-feira, tive a oportunidade de participar de uma confraternização em homenagem ao desembargador Miguel Kfouri Neto, Presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Ambiente de festa e de congraçamento de amigos, família e companheiros de caminhada no trabalho da Justiça no Paraná.
Entre tantos, cada qual com seus méritos, o objetivo principal era homenagear alguém que galgou as alturas pisando o chão das terras maringaenses e hoje ocupa um cargo de altíssima importância na vida do nosso povo, promovendo a justiça, a defesa dos direitos e a dignidade de todas as pessoas.
Entre os vários pronunciamentos, todos bem colocados, chamou-me atenção a fala do doutor Kfouri. Ao ser chamado para a tribuna levou consigo um discurso pronto, certamente bem elaborado para aquela circunstância solene.
Inicia de forma espontânea e livre, saudando todos aqueles que, além do protocolo, foram seus amigos e companheiros nos estudos e na profissão, destacando qualidades e virtudes que distinguem pessoas comprometidas com a vida.
Não se importando com os papéis abriu o coração relatando as várias etapas da vida de estudante e profissional, emocionando-se várias vezes ao falar dos amigos e, principalmente, ao falar da família.
Não é fácil encontrar pessoas que falem do coração, com o coração e para os corações. Pessoas assim, mais que profissionais, são pessoas que vivem intensamente cada momento e deixam marcas no caminho da vida.
As relações não são de funcionários desempenhando tarefas, cumprindo rituais de trabalho, e sim relações carregadas de amor, de um coração que vibra e sente a presença do outro, como alguém importante e indispensável para a realização pessoal.
Como nos faz falta gente que se emociona ao falar da família, da própria família. Como seria diferente se antes das formalidades e burocracias colocássemos as pessoas que amamos e as que ainda não amamos como os mais importantes da vida.
Na carta de despedida do grande poeta Gabriel Garcia Marques, ele diz: “Que o homem só tem direito de olhar de cima para baixo quando está ajudando o outro a levantar-se. Aprendi que todo mundo quer viver no topo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subi-la.”
Certamente estes exemplos nós os encontramos de forma muito discreta e silenciosa. Tudo seria muito diferente se o coração humano fosse mais humano, onde a razão deixasse o primeiro lugar ao coração. As relações entre nós seriam de outro colorido se antes de tudo reinasse a igualdade, o respeito, a dignidade de cada ser humano.
Muitos lares estão desfeitos porque alguém quis estar sempre no topo da montanha, do amor próprio, do senhorio sobre as coisas e as pessoas. Muita gente amargada e depressiva porque se afogaram em desejos utópicos, esquecendo-se de fazer hoje, porque o amanhã pode nunca chegar.
Tudo seria muito diferente se ao falar dos amigos e da família regássemos as palavras com as lágrimas da emoção. Meus parabéns ao desembargador Miguel Kfouri Neto. [CNBB]