terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Prescrições que dão vida

Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo de Uberaba - MG

Antes do Concílio se falava muito nos 5 mandamentos da Igreja. Todos os conheciam de cor. Tais mandamentos, na verdade, não estão literalmente nas Sagradas Escrituras, mas tem a sua raiz nelas. Não foram criados do nada. Hoje não me parece ser um assunto conhecido, conscientemente, pelo povo cristão. Tinham um objetivo didático, facilitando um resumo rápido das práticas cristãs mais necessárias. Uma vez que na Catequese se proibiu a “decoreba”, também se perdeu o rico conteúdo desse resumo. “Não pensem que eu vim abolir a lei e os profetas” (Mt 5, 17). O silêncio sobre a temática é geral. Não ouço comentários sobre o assunto, há muitos anos. Penso que nem se sabe mais quantos são esses mandamentos, nem se ainda estão em vigor. Consultando o “Catecismo da Igreja Católica” vi que no seu número 2041 se fala explicitamente dessas obrigações da vida comunitária. Sua observância só traz benefícios. “Tudo o que ligardes na terra, ligado será nos céus” (Mt 18, 18). Isso dizia Jesus aos Apóstolos, e continua dizendo hoje aos Bispos.

É interessante ver que os tradicionais mandamentos da Igreja seguem uma linha de observância moral, ligada à vida litúrgica. Esta é motivada por aquela. Eles têm um caráter obrigatório, e não são um simples conselho. Seu objetivo é fazer os fiéis crescer no amor a Deus e ao próximo. O primeiro mandamento nos fala que devemos participar de missa aos domingos, - é o dia da comunidade - e nos abster de trabalhos que não sejam essenciais. É para santificar o dia em que comemoramos a ressurreição do Senhor. O segundo mandamento diz que nos devemos confessar ao menos uma vez cada ano. Isso garante a dignidade da Eucaristia que recebemos, e continua o esforço de conversão iniciado no Batismo. O terceiro nos adverte que devemos comungar ao menos no tempo da Páscoa, centro da Liturgia cristã. É o mínimo do mínimo.O quarto, manda fazer jejum e abstinência, de acordo com as prescrições, para nos unirmos com toda a Igreja nos seus tempos de ascese e de penitência. Esta visa adquirir o domínio sobre nossos instintos. O quinto mandamento nos manda ajudar a Igreja em suas necessidades materiais, segundo as possibilidades. Está aí um belo programa para todos nós.

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