segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Oitava Semana do Tempo Comum, Ano “A”, 4ª Semana do Saltério, Livro III, cor, Litúrgica Verde

Santos: Mártires da Peste de Alexandria, Protério (bispo e mártir), Romano e Lupicino (abades), Hilário (papa), Osvaldo de Worcester (arcebispo), Ângela de Foligno (beata e viúva), Vilana de Florença (beata e matrona), Hedviges da Polônia (beata e matrona), Antônia de Florença (beata e viúva), Luísa Albertoni (beata e viúva).

Antífona: O Senhor se tornou o meu apoio, libertou-me da angústia e me salvou porque me ama. (Sl 17,19-20)

Oração: Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais e vossa igreja vos possa servir alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I Leitura: Eclesiástico (Eclo 17,2028)

Quão grande é a misericórdia do Senhor

20Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. 21Volta ao Senhor e deixa os teus pecados, 22suplica em sua presença e diminui as tuas ofensas. 23Volta ao altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a iniquidade. 24Conhece a justiça e os juízos de Deus e permanece constante no estado em que ele te colocou, e na oração ao Deus altíssimo. 25Anda na companhia do povo santo, com aqueles que vivem e proclamam a glória de Deus. 26Não te demores no erro dos ímpios, louva a Deus antes da morte; o morto, como quem não existe, já não louva. 27Louva a Deus enquanto vives; glorifica-o enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-o nas suas misericórdias. 28Quão grande é a misericórdia do Senhor, e o seu perdão para com todos aqueles que a ele se convertem! Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Volta ao Altíssimo e conhece a justiça de Deus

A gratidão, o louvor, a glória de Deus são a mais alta função de nossa passagem pela terra dos vivos. Por isso, nós, em cuja vida a luz e eficácia profunda do Evangelho não transparecem com a evidência exigida por nosso caráter de batizados, crismandos ou ainda de sacerdotes e religiosos, temos necessidade de contínua conversão. Com efeito, no início de cada celebração eucarística, apresentamo-nos ao Senhor como “arrependidos”, que oram humildemente para que ele ofereça de novo e sempre “a possibilidade do retorno”. A conversão não é somente romper com o pecado e observar a lei de Deus. É, sobretudo, a constante e progressiva orientação para a união com Deus. É comungar em novidade de vida, é vontade de perseverar (=conversão contínua. [Missal Cotidiano, Paulus]

Sl 31(32),1-2.5.6.7 (R/.11a)

Ó justos, alegrai-vos no Senhor!

Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade!

Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: "Eu irei confessar meu pecado!" E perdoastes, Senhor, minha falta.

Todo fiel pode, assim, invocar-vos, durante o tempo da angústia e aflição, porque, ainda que irrompam as águas, não poderão atingi-lo jamais.

Sois para mim proteção e refúgio; na minha angústia me haveis de salvar, e envolvereis a minha alma no gozo da salvação que me vem só de vós.

Evangelho: Marcos (Mc 10,17-27)

Vende tudo o que tens e segue-me!

Naquele tempo, 17quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: "Bom mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?" 18Jesus disse: "Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém.19Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!" 20Ele respondeu: "Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude". 21Jesus olhou para ele com amor e disse: "Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!" 22Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.

23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: "Como é difícil para os ricos entrar no reino de Deus!" 24Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: "Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! 25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus!" 26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso e perguntavam uns aos outros: "Então, quem pode ser salvo?" 27Jesus olhou para eles e disse: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível". Palavra da Salvação!

Leituras paralelas: Mt 19,16-22; Lc 10,25-28; 18,18-23

Comentando o Evangelho

Para alcançar a vida eterna

A preocupação do homem rico, em relação à vida eterna, deu margem para Jesus ensinar aos discípulos a lição do desprendimento dos bens materiais. Estes são um empecilho no caminho para Deus, quando alguém se apega demasiadamente a eles, tornando-se incapaz de fazer uma ruptura radical, em vista das exigências do Reino.

Na conquista da vida eterna, há passos a serem dados, dos mais simples aos mais exigentes. O primeiro passo - observar os mandamentos - o homem já havia dado. Desde a sua mocidade, fora sincero no cumprimento de todos eles. Estava na hora de dar um passo a mais, mostrando-se mais generoso. Jesus indica-lhe que atitude deve tomar: desfazer-se de todas as suas propriedades, distribuindo-as entre os mais pobres, para tornar-se discípulo. Esta seria a forma de alcançar a vida eterna: desapegar-se dos bens, para servir a Deus e ao próximo.

A renúncia aos bens seria uma prova cabal de liberdade e uma demonstração de que os pobres efetivamente tinham importância para ele. O simples cumprimento dos mandamentos não era suficiente para evidenciar a profundidade do seu amor. Algo mais deveria ser feito!

Infelizmente, a insegurança da pobreza ou o apego exagerado a seus bens não permitiu ao homem tomar-se herdeiro da vida eterna. A riqueza foi inimiga da salvação! [Missal Cotidiano, Paulus]

Oração da Assembleia (Liturgia Diária)

-Pela vossa misericórdia e pelo perdão de nossos pecados. Obrigado/a, Senhor.

-Pelos que lutam por justiça e paz.

-Pelos que deixam seus bens para seguir os passos de Jesus.

-Pelos que partilham dons e bens com os necessitados.

-Por mais um mês de aprendizado e de vivência comunitária

(Outras intenções)

Oração sobre as Oferendas:

Ó Deus, que nos dais o que oferecemos e aceitais nossa oferta como um gesto de amor, fazei que os vossos dons, nossa única riqueza, frutifiquem para nós em prêmio eterno. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão:

Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos, diz o Senhor. (Mt 28,20)

Oração Depois da Comunhão:

Tendo recebido o pão que nos salva, nós vos pedimos, ó Deus, que este sacramento, alimentando-nos na terra, no faça participar da vida eterna. Por Cristo, nosso Senhor!

Falar da família emociona

Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá

Na última sexta-feira, tive a oportunidade de participar de uma confraternização em homenagem ao desembargador Miguel Kfouri Neto, Presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Ambiente de festa e de congraçamento de amigos, família e companheiros de caminhada no trabalho da Justiça no Paraná.

Entre tantos, cada qual com seus méritos, o objetivo principal era homenagear alguém que galgou as alturas pisando o chão das terras maringaenses e hoje ocupa um cargo de altíssima importância na vida do nosso povo, promovendo a justiça, a defesa dos direitos e a dignidade de todas as pessoas.

Entre os vários pronunciamentos, todos bem colocados, chamou-me atenção a fala do doutor Kfouri. Ao ser chamado para a tribuna levou consigo um discurso pronto, certamente bem elaborado para aquela circunstância solene.

Inicia de forma espontânea e livre, saudando todos aqueles que, além do protocolo, foram seus amigos e companheiros nos estudos e na profissão, destacando qualidades e virtudes que distinguem pessoas comprometidas com a vida.

Não se importando com os papéis abriu o coração relatando as várias etapas da vida de estudante e profissional, emocionando-se várias vezes ao falar dos amigos e, principalmente, ao falar da família.

Não é fácil encontrar pessoas que falem do coração, com o coração e para os corações. Pessoas assim, mais que profissionais, são pessoas que vivem intensamente cada momento e deixam marcas no caminho da vida.

As relações não são de funcionários desempenhando tarefas, cumprindo rituais de trabalho, e sim relações carregadas de amor, de um coração que vibra e sente a presença do outro, como alguém importante e indispensável para a realização pessoal.

Como nos faz falta gente que se emociona ao falar da família, da própria família. Como seria diferente se antes das formalidades e burocracias colocássemos as pessoas que amamos e as que ainda não amamos como os mais importantes da vida.

Na carta de despedida do grande poeta Gabriel Garcia Marques, ele diz: “Que o homem só tem direito de olhar de cima para baixo quando está ajudando o outro a levantar-se. Aprendi que todo mundo quer viver no topo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subi-la.”

Certamente estes exemplos nós os encontramos de forma muito discreta e silenciosa. Tudo seria muito diferente se o coração humano fosse mais humano, onde a razão deixasse o primeiro lugar ao coração. As relações entre nós seriam de outro colorido se antes de tudo reinasse a igualdade, o respeito, a dignidade de cada ser humano.

Muitos lares estão desfeitos porque alguém quis estar sempre no topo da montanha, do amor próprio, do senhorio sobre as coisas e as pessoas. Muita gente amargada e depressiva porque se afogaram em desejos utópicos, esquecendo-se de fazer hoje, porque o amanhã pode nunca chegar.

Tudo seria muito diferente se ao falar dos amigos e da família regássemos as palavras com as lágrimas da emoção. Meus parabéns ao desembargador Miguel Kfouri Neto. [CNBB]

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

vaticano

Festa da Cátedra de São Pedro

22 de Fevereiro


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Festa da Cátedra de São PedroFesta da Cátedra de São Pedro. É com alegria que hoje nós queremos conhecer um pouco mais a riqueza do significado da cátedra, do assento, da cadeira de São Pedro que se encontra na Itália, no Vaticano, na Basílica de São Pedro. Embora a Sé Episcopal seja na Basílica de São João de Latrão, a catedral de todas as catedrais, a cátedra com toda a sua riqueza, todo seu simbolismo se encontra na Basílica de São Pedro.
Fundamenta-se na Sagrada Escritura a autoridade do nosso Papa: encontramos no Evangelho de São Mateus no capítulo 6, essa pergunta que Jesus fez aos apóstolos e continua a fazer a cada um de nós: "E vós, quem dizei que eu sou?" São Pedro,0 em nome dos apóstolos, pode assim afirmar: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Jesus então lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nem a carne, nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que está no céus, e eu te declaro: Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; eu te darei a chave dos céus tudo que será ligado na terra serás ligado no céu e tudo que desligares na terra, serás desligado nos céus".
Logo, o fundador e o fundamento, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Crucificado que ressuscitou, a Verdade encarnada, foi Ele quem escolheu São Pedro para ser o primeiro Papa da Igreja e o capacitou pelo Espírito Santo com o carisma chamado da infalibilidade. Esse carisma bebe da realidade da própria Igreja porque a Igreja é infalível, uma vez que a alma da Igreja é o Espírito Santo, Espírito da verdade.
Enfim, em matéria de fé e de moral a Igreja é infalível e o Papa portando esse carisma da infalibilidade ensina a verdade fundamentada na Sagrada Escritura, na Sagrada Tradição e a serviço como Pastor e Mestre.
De fato, o Papa está a serviço da Verdade, por isso, ao venerarmos e reconhecermos o valor da Cátedra de São Pedro, nós temos que olhar para esses fundamentos todos. Não é autoritarismo, é autoridade que vem do Alto, é referência no mundo onde o relativismo está crescendo, onde muitos não sabem mais onde está a Verdade.
Nós olhamos para Cristo, para a Sagrada Escritura, para São Pedro, para este Pastor e Mestre universal da Igreja, então temos a segurança que Deus quer nos dar para alcançarmos a Salvação e espalharmos a Salvação.
Essa vocação é do Papa, dos Bispos, dos Presbíteros, mas também de todo cristão.


São Pedro, rogai por nós!

Prescrições que dão vida

Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo de Uberaba - MG

Antes do Concílio se falava muito nos 5 mandamentos da Igreja. Todos os conheciam de cor. Tais mandamentos, na verdade, não estão literalmente nas Sagradas Escrituras, mas tem a sua raiz nelas. Não foram criados do nada. Hoje não me parece ser um assunto conhecido, conscientemente, pelo povo cristão. Tinham um objetivo didático, facilitando um resumo rápido das práticas cristãs mais necessárias. Uma vez que na Catequese se proibiu a “decoreba”, também se perdeu o rico conteúdo desse resumo. “Não pensem que eu vim abolir a lei e os profetas” (Mt 5, 17). O silêncio sobre a temática é geral. Não ouço comentários sobre o assunto, há muitos anos. Penso que nem se sabe mais quantos são esses mandamentos, nem se ainda estão em vigor. Consultando o “Catecismo da Igreja Católica” vi que no seu número 2041 se fala explicitamente dessas obrigações da vida comunitária. Sua observância só traz benefícios. “Tudo o que ligardes na terra, ligado será nos céus” (Mt 18, 18). Isso dizia Jesus aos Apóstolos, e continua dizendo hoje aos Bispos.

É interessante ver que os tradicionais mandamentos da Igreja seguem uma linha de observância moral, ligada à vida litúrgica. Esta é motivada por aquela. Eles têm um caráter obrigatório, e não são um simples conselho. Seu objetivo é fazer os fiéis crescer no amor a Deus e ao próximo. O primeiro mandamento nos fala que devemos participar de missa aos domingos, - é o dia da comunidade - e nos abster de trabalhos que não sejam essenciais. É para santificar o dia em que comemoramos a ressurreição do Senhor. O segundo mandamento diz que nos devemos confessar ao menos uma vez cada ano. Isso garante a dignidade da Eucaristia que recebemos, e continua o esforço de conversão iniciado no Batismo. O terceiro nos adverte que devemos comungar ao menos no tempo da Páscoa, centro da Liturgia cristã. É o mínimo do mínimo.O quarto, manda fazer jejum e abstinência, de acordo com as prescrições, para nos unirmos com toda a Igreja nos seus tempos de ascese e de penitência. Esta visa adquirir o domínio sobre nossos instintos. O quinto mandamento nos manda ajudar a Igreja em suas necessidades materiais, segundo as possibilidades. Está aí um belo programa para todos nós.

Terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cátedra de São Pedro – Ofício de Festa - 3ª Semana do Saltério - cor Litúrgica Branca

Santos do Dia: Abílio de Alexandria (bispo), Aristeu de Salamis (mártir), Atanásio de Nicomédia (abade), Margarida de Cortona (franciscana terciária), Maximiano de Ravena (bispo), Papias de Hierápolis (bispo), Pascásio de Viena (bispo), Rainério de Beaulieu (monge), Talássio e Lineu (eremitas).

Antífona: O Senhor disse a Simão Pedro: Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma os teus irmãos. (Lc 22,32)

Oração do Dia: Concedei, ó Deus todo-poderoso, que nada nos possa abalar, pois edificastes a vossa Igreja sobre aquela pedra que foi profissão de fé do apóstolo Pedro. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Leitura:I Carta de Pedro (1Pd 5, 1-4)

Presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de cristo

Caríssimos, 1exorto aos presbíteros que estão entre vós, eu presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: 2Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; 3não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. 4Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória. Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Conselhos aos dirigentes da Igreja

O código de deveres domésticos estende-se agora de maneira explícita aos deveres mútuos de dirigentes e membros da Igreja. Os anciãos da comunidade são alvo da primeira exortação e suas funções na Igreja são esclarecidas: seu ministério deve ser exercido de bom grado; seus motivos devem ser nobres, não mercenários; seu exercício de liderança seve ser de apoio, não de poder autoritário. Neste conselho característico, a primeira carta de Pedro reflete a tradição comum no Novo Testamento sobre a qualidade de liderança que é valorizada na Igreja: os Evangelhos nos dão o conselho de Jesus para ser servos uns dos outros (Mc 10, 42-45); os deveres do epíscopo em 1Tm 3, 3 advertem contra a cobiça como motivo para o ministério; Ef 4, 11-16 também nos ensina que os dirigentes são chamados a missões especiais, mas que não negam a igualdade cristã do batismo. É evidente que a Igreja primitiva era sensível às dificuldades que o poder autoritário causaria a sua catequese batismal de liberdade, dignidade e igualdade de todos os cristãos (Gl 3, 28). A liderança não era e não é um múnus fácil na Igreja e, por isso, é feita menção especial às preocupações do pastor supremo pelo rebanho. O serviço fiel receberá uma recompensa especial (v. 4, cf. 2Tm 4, 1; Mt 19,28; 24, 25-47) Alternativamente, é lembrado aos membros da Igreja que tenham respeito pelas funções e autoridade de seus pastores (v.6) a fim de não impossibilitar o ministério de liderança. Embora todos sejamos livres e iguais em Cristo, sabe a nós mostrar que, como povo livre, servimos a Deus com uma vida ordeira e responsável (cf. Rm 6, 16-18). Assim, nossa liberdade nos leva à humanidade e a laços estreitos com a Igreja. O chamado à humildade e à obediência deve ser visto em ligação com os conselhos dados na carta toda: como os cristãos devem ser bons cidadãos do Estado, bons membros da família e membros responsáveis da Igreja cristã. Nessa exortação, há certo apelo à propaganda de uma vida justa e ordeira, dando a entender que os cristãos são membros muito bons e abnegados de qualquer parte da sociedade. [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]

Salmo: 22 (23), 1-3a.3b-4.5.6 (+1)
O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma

1O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma. 2Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, 3e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. 4Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal temerei. Estais comigo com bastão e cajado, eles me dão a segurança!

5Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça, e meu cálice transborda.

6Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.

Evangelho do dia: Mateus (Mt 16, 13-19)

Tu és Pedro e eu te darei as chaves do Reino dos Céus

Naquele tempo 13Jesus veio à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou a seus discípulos: "Quem dizem os homens ser e Filho do homem?" 14Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas". 15Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" 16Simão Pedro respondeu: "Tu és o messias, o Filho do Deus vivo". 17Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus". Palavra da Salvação!

Leituras Paralelas: Mc 8, 27-30; Lc 9, 18-20; Jo 6,67-71

Comentário o Evangelho

Fé e missão

A missão de liderança confiada a Pedro exigiu dele uma explicitação de sua fé. Antes de assumir o papel de guia da comunidade, foi preciso deixar claro seu pensamento a respeito de Jesus, de forma a prevenir futuros desvios.


Se tivesse Jesus na conta de um messias puramente humano, correria o risco de transformar a comunidade numa espécie de grupo guerrilheiro, disposto a impor o Reino de Deus a ferro e fogo. A violência seria o caminho escolhido para fazer o Reino acontecer.


Se o considerasse um dos antigos profetas reencarnados, transformaria a Boa Nova do Reino numa proclamação apocalíptica do fim do mundo, impondo medo e terror. De fato, pensava-se que, no final dos tempos, muitos profetas do passado haveriam de reaparecer.


Se a fé de Pedro fosse imprecisa, não sabendo bem a quem havia confiado a sua vida, correria o risco de proclamar uma mensagem insossa, e levar a comunidade a ser como um sal que perdeu seu sabor, ou uma luz posta no lugar indevido.


Só depois que Pedro professou sua fé em Jesus, como o “Messias, o Filho do Deus vivo”, foi-lhe confiada a tarefa de ser “pedra” sobre a qual seria construída a comunidade dos discípulos: a sua Igreja. Entre muitos percalços, esse apóstolo deu provas de sua adesão a Jesus, selando o seu testemunho com a própria vida, demonstração suprema de sua fé. Portanto, sua missão foi levada até o fim. [O EVANGELHO DO DIA, Ano B. Jaldemir Vitório. ©Paulinas, 1996]

Oração da assembleia: (DEUS CONOSCO nº 98)

-Para que todos os Ministros da Igreja sejam acolhedores, misericordiosos e cheios de ardor missionário, roguemos ao Senhor:Abençoai vosso povo, Senhor!

-Por todas Pastorais, principalmente as que procuram defender os pobre e defender a vida, roguemos ao Senhor: Abençoai vosso povo, Senhor!

-Para que vivamos unidos e manifestemos em nossas atitudes a grandeza e a beleza do Reino, roguemos ao Senhor: Abençoai vosso povo, Senhor!

-Para que amando a Igreja, sejamos nela sinais sacramentais da bondade e da misericórdia do Pai, roguemos ao Senhor:Abençoai vosso povo, Senhor!

-Por todos nós, para que vivendo o tempo quaresmal, com piedade e caridade, alcancemos as bênçãos do céu, roguemos ao Senhor: Abençoai vosso povo, Senhor!

Oração sobre as Oferendas:

Acolhei, ó deus, com bondade, as oferendas e orações de vossa Igreja, para que, tendo Pedro como pastor, mantenha a integridade da fé e alcance a herança eterna. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão:

Pedro disse a Jesus: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo. Jesus lhe respondeu: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. (Mt 16, 16.18)

Oração Depois da Comunhão:

Ó Deus, que, ao celebrarmos a festa do apóstolo Pedro, nos fortalecestes com o Corpo e o Sangue de Cristo, fazei que este convívio redentor seja para nós sacramento de unidade e de paz. Por Cristo, nosso Senhor.

Para sua reflexão: Simão, que pela carne e sangue é filho de Jonas, declara que Jesus é o Messias esperado; e Jesus o ratifica, declarando que a confissão procede de uma revelação do Pai, pela qual Pedro tem uma bem-aventurança particular. Depois Jesus declara a missão de Pedro: “construir” um templo, que é uma comunidade nova, na qual Pedro será a “pedra fundamental”. Pedro terá nela uma função medianeira central: por sua adesão ou aderência a Cristo. A obra de Jesus é imortal e Pedro terá as chaves de acesso ao Reino de Deus e terá o poder de julgar, perdoar e condenar, ratificado por Deus. Cristo, “Pedra viva”, garante a sua Igreja construída sobre Pedro a vitória sobre as potências de morte. Pedro tem razão de fé por ele confessada, permanecerá como a rocha inabalável da Igreja.

Cátedra de São Pedro

Costumamos empregar expressões como poder do "trono", herdeiro do "trono", privilégios da "coroa" etc., indicando com as insígnias concretas a dignidade do próprio cargo. Essa mesma metonímia é familiar em assuntos eclesiásticos. "Santa Sé" nada mais é que Sancta Sedes, a santa cátedra, pois a palavra “sé” e simplesmente sedes. Os romanos, porém, tinham outra palavra tirada do grego, significando o assento ocupado por um professor ou qualquer outro que falasse com autoridade. Tal palavra eracathedra, e o seu emprego, neste sentido, não só pode ser rastreado até os primeiros séculos cristãos, mas sobrevive até hoje, notavelmente na expressão ”uma decisão ex cathedra”, que significa o pronunciamento no qual o papa fala como doutor da Igreja Universal.

A questão que se levanta é se a comemoração da "cátedra de S. Pedro" seria a veneração prestada a um objeto material tido como lembrança e relíquia, ou se antes teria como objetivo glorificar o encargo pontifical conferido a S. Pedro e seus sucessores no momento de sua sagração.

Em 18 de janeiro, nos referimos à antiga sedia gestatoria, conhecida como cátedra de S. Pedro e hoje guardada como relíquia na abside da grande basílica romana. De Rossi sustentou que esta cátedra é que se honrava na festa de 22 de fevereiro, mas também ressaltou a menção de S. Gregório Magno ao "óleo da cadeira em que S. Pedro inicialmente sentou-se quando estava em Roma", ou seja, o óleo da lâmpada que, segundo parece, ardia em frente a um assento talhado em tufo calcário, no assim chamado "coemiterium Ostrianum", onde S. Pedro costumava batizar. O grande arqueólogo associava este assento à festa de 18 de janeiro. E possível que essas duas festas tenham se originado em semelhante tradição, mas o que parece ter-se imposto foi a argumentação vigorosamente sustentada por Dom Duchesne, Marucchi e outros contra a identificação entre a litúrgica "cátedra de S. Pedro" e qualquer objeto material. Segundo Duchesne, por mais antiga que possa ser essa cátedra hoje venerada em Roma, menção nenhuma existe anterior a 1217. "Escrevendo sobre a basílica de S. Pedro (1159-1181), Pedro Mallius não lhe faz a menor menção, e, considerando que ele constantemente se estende ao falar das relíquias aí existentes, seu silêncio mostra que nenhuma cátedra de S. Pedro era então venerada". Ademais, quando examinamos as primitivas coletas, lições etc. da celebração litúrgica, percebemos que a nota dominante da festa era a gloriai­cação do cargo de S. Pedro.

Ao se falar sobre a festa da cátedra de S. Pedro em 18 de janeiro, dissemos que originalmente havia apenas uma festa da cátedra e que essa era celebrada a 22 de fevereiro, sem referência alguma a Antioquia, mas com referência presumível ao inicio do episcopado de S. Pedro em Roma. O que sabemos de certo é que o calendário filocaliano, que traz a lista das celebrações litúrgicas em Roma no ano 354 ou mesmo talvez 336, em 22 de fevereiro registra natale Petri de cathedra, isto é, "festa da Cátedra de Pedro", pois nesse tempo o termo natale passara a designar não apenas o dia do nascimento, mas qualquer tipo de aniversário. Podemos assim estar inteiramente seguros de que em meados do século IV, muito pouco tempo depois da morte do Imperador Constantino, a Igreja romana honrava S. Pedro como uma festa ligada, de algum modo, à sua investidura no múnus pastoral. E sumamente improvável que esta comemoração tivesse de fato algo a ver com Antioquia. Nem mesmo no calendário de S. Vilibrordo (c. AD. 704), vários séculos mais tarde, encontramos a referência Cathedra Petri in Antiochia, e essa é, no gênero, a referência mais antiga que chegou até nós. Por outro lado, consta que no "Hieronymianum" de Auxerre, do século VI, o registroCathedra Petri in Roma já estava ligado a 18 de janeiro. Entretanto, as liturgias galicanas em sua maior parte adere a 22 de fevereiro, sem qualquer menção a Antioquia.

O elemento mais importante, no presente caso, é indubitavelmente o fato de que, em 22 de fevereiro ou perto desta data, ocorria, segundo o costume pagão, a comemoração anual dos parentes mortos chamada Feralia ou Parentalia (ocasião em que se colocava comida junto aos túmulos). Parece que não é possível determinar o dia exato, porque, embora em seus Fasti Ovídio fale das Ferálias sob o titulo de 18 de fevereiro, contudo pelo uso da expressão parentales dies claramente indica que a celebração prolongava-se por mais de vinte e quatro horas, sendo que mais autoridades antigas dão proeminência, no mesmo sentido, ao dia 21 de fevereiro. Durante as Parentálias, explica Kellner, "não se fazia celebração de casamentos, os templos permaneciam fechados, e os magistrados não usavam as insígnias externas do seu cargo. A comemoração dos mortos seguia-se imediatamente, em 22 de fevereiro, a festa dos parentes ainda vivos, chamada por isso Charistia ou Cara cognatio. Esta celebração não tinha lugar reconhecido entre as funções do culto oficial do Estado. Não obstante, era uma festa muito popular e lançava suas raízes na vida do povo mais profundamente do que quaisquer festas oficiais". Isso fornece boa razão para supor-se que a própria instituição primitiva da festa da Cátedra de S. Pedro foi simplesmente um esforço visando arranjar um substitutivo cristão para os ritos pagãos praticados nessa época (cf. 1º de janeiro com referência à celebração do Ano Novo, e a festa da Candelária em relação às Robigálias e Lupercálias). Vários e evidentes testemunhos levam à mesma conclusão. Por exemplo: no calendário de Polêmio Silvio, compilado na Gália por volta do ano 448, temos no dia 22 de fevereiro o registro "Deposição de S. Pedro e S. Paulo. Os 'caros laços de sangue' (cara cognatio) assim denominados porque, embora pudesse haver contendas entre parentes vivos, tais contendas deviam ser abandonadas por ocasião da morte". Isso claramente sugere que uma festa de S. Pedro e S. Paulo fora introduzida neste dia para substituir a celebração pagã da Charistia. Provavelmente, a festa cristã tinha bem o mesmo caráter litúrgico da que se chamaria "Cátedra de S. Pedro em Roma" ou "Deposição de S. Pedro e S. Paulo". Chegar-se-ia, em qualquer dos casos, a uma celebração das prerrogativas especiais da Santa Sé.

Mais surpreendente talvez como ilustração da vitalidade dos abusos supersticiosos é o fato de que, em meados ainda do século XII, a festa de fevereiro continuava sendo chamada "dia do banquete de S. Pedro". Dizem que o liturgista Beleth, a quem devemos a presente informação, era inglês mas viveu um bom tempo na França, sendo por isso talvez que a referência em questão ele a faz pensando na França. Depois de indicar que ambas as festas da cátedra de S. Pedro eram separadas da Septuagésima por um intervalo regular, afirma que a festa com a referência Antioquia, ou seja, a celebração de fevereiro, era a mais solene das duas e chamava-se Jestum beati Petri epularum, que em tradução equivaleria à grosseira expressão "comidas de S. Pedro". "Porque - prossegue ele - todo ano, num dia do mês de fevereiro, os pagãos de antigamente costumavam colocar junto aos túmulos dos seus parentes um bom prato de comida, que durante a noite os demônios roubavam, embora de modo não menos inverídico do que absurdo as pessoas acreditassem que as almas dos mortos se reabasteciam com as comidas ali deixadas. Imaginava-se, de fato, que semelhantes provisões eram consumidas pelas almas que vagavam em volta das sepulturas. Ora, esse costume e essa falsa convicção dificilmente podiam ser erradicados, mesmo de entre os cristãos. Em consequência, quando certo santo percebeu a dificuldade e ficou ansioso por suprimir completamente esse costume, os cristãos instituíram a festa da cátedra de S. Pedro, a de Roma e a de Antioquia, marcando-a para o dia em que as abominações pagãs tinham lugar. Visavam assim aboli-las inteiramente. Portanto, foi devido a essa colocação de boas comidas junto aos túmulos que a festa passou a se chamar 'dia do banquete de S. Pedro'".

Está claro que essas alusões às oferendas depositadas junto aos túmulos devem referir-se todas à festa de fevereiro, o que mais ainda dificulta entender como a festa chegou a duplicar-se. Várias hipóteses têm sido feitas, e delas a mais plausível parece a de Dom Duchesne, ou seja: a celebração de 22 de fevereiro não podia ser feita regularmente, porque muitas vezes caía na Quaresma. Assim, "nas regiões que seguiam o rito galicano - nesse rito a observância quaresmal era tida como incompatível com a celebração dos santos - a dificuldade pode ter sido contornada pela celebração da festa em data antecipada". Para a escolha de 18 de janeiro, podemos talvez achar uma razão no fato de que este dia é a data em que mais cedo pode ocorrer a Septuagésima. Sem dúvida, se a escolha tivesse sido 17 de janeiro, a festa da Cátedra ficaria inteiramente fora da possibilidade de qualquer concorrência, mas certamente deve ter havido aqui algum erro de cálculo. Embora a Septuagésima possa cair em 18 de janeiro, isso acontece muito raramente. Não acontecia desde 1818, e não acontecerá de novo antes do ano 2285. Ademais, parece altamente provável que a festa da Santíssima Virgem entrou no "Hieronymianum" a 18 de janeiro precisa­mente pela mesma razão, e conjectura-se que a festa hoje conhecida como "Conversão de S. Paulo" era originariamente uma espécie de oitava da festa da Cátedra de S. Pedro. Parece que Polêmio Sílvio, conforme será lembrado, considerava a festa da Cátedra como sendo de ambos os apóstolos e denominava-a Depositio SS. Petri et Pauli. [Texto obtido na seguinte fonte: VIDA DOS SANTOS DE BUTLER II, © Vozes, 1985]