domingo, 14 de março de 2010

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja
Homilia sobre o perdão, 2, 3 (a partir da trad. breviário)

«Irei ter com meu pai»


Se a conduta deste jovem nos desagrada, aquilo que nos causa horror é a sua partida: no nosso caso, não nos afastemos nunca de um pai destes! A simples visão do pai faz fugir os pecados, expulsa o erro, exclui qualquer má conduta e qualquer tentação. Mas, no caso de termos partido, de termos esbanjado toda a herança do pai numa vida desregrada, de nos ter acontecido cometer qualquer erro ou má acção, de termos caído no abismo da blasfémia, levantemo-nos e regressemos para junto de um pai tão bom, convidados por exemplo tão belo.

«O pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.» Pergunto-vos: haverá lugar para o desespero? Haverá pretexto para desculpas? Falsas razões para receios? A menos que se receie o encontro com o pai, que se receiem os seus beijos e os seus abraços; a menos que se julgue que o pai quer tomar para recuperar, em lugar de receber para perdoar, quando pega no filho pela mão, o toma nos abraços e o aperta contra o coração. Mas este pensamento, que esmaga a vida, que se opõe à nossa salvação, é amplamente vencido, amplamente aniquilado pelo seguinte: «O pai disse aos seus servos: «Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.»» Após termos ouvido isto, poderemos ainda demorar-nos? Que esperamos para regressar para junto do pai?

Domingo, 14 de março de 2010

Quarta Semana da Quaresma - 4ª Semana do Saltério (Livro III) - cor Litúrgica Roxa

Hoje: Dia Nacional da Poesia e dia do Vendedor de Livros, Dia Mundial de Luta contra as Barragens e em Defesa dos Rios, a Água e a Vida

Santos do Dia: Lubino (ou Leobino, bispo), Eutíquio (ou Eustácio, mártir), Matilde (viúva da Saxônia), Tiago de Nápoles (arcebispo e beato), Afrodísio, Apolônia de Bolonha (Serva de Deus, franciscana da terceira ordem), Leão (bispo), Pedro (mártir africano), Odo (bem aventurado) e Vicente (polonês, bispo da Cracóvia)

Antífona: Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações (Is 66, 10-11)

Oração do Dia: Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e exultando de fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

I Leitura: Josué (Js 5, 9a.10-12)

O povo celebra a Páscoa depois de entrar na terra prometida

Naqueles dias, 9o Senhor disse a Josué: "Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito". 10Os israelitas ficaram acampados em Guilgal e celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, na planície de Jericó. 11No dia seguinte à Páscoa comeram dos produtos da terra, pães sem fermento e grãos tostados nesse mesmo dia. 12O maná cessou de cair no dia seguinte, quando comeram dos produtos da terra. Os israelitas não mais tiveram o maná. Naquele ano comeram dos frutos da terra de Canaã. Palavra do Senhor!

Deus fiel, nós Te damos graças pela terra prometida na qual nos acolheste desde o nosso batismo; é o teu Povo, o Corpo eclesial de teu Filho, que Tu alimentas com o sopro do teu Espírito Santo. Nesta Quaresma, tempo de partilha, nós Te confiamos as nossas ações em favor do desenvolvimento e de uma mais justa repartição dos bens da terra. Que o teu Espírito nos guie e nos inspire.

Salmo: 33(34), 2-3.4-5.6-7 (R/.9a)

Provai e vede quão suave é o Senhor!

 
Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem! 
 
Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou. 
 
Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia. 

II Leitura: II Carta de Paulo aos Coríntios (2Cor 5, 17-21)

Por Cristo, Deus no reconciliou consigo mesmo

Irmãos, 17se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. 18E tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. 19Com efeito, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. 20Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. 21Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. Palavra do Senhor!

Pai misericordioso e paciente, nós Te damos graças pela reconciliação que nos concedeste por Cristo e pela missão de perdão e de reconciliação que nos confias. Nós Te pedimos: pelo teu Espírito Santo, ilumina os nossos pensamentos, muda os nossos corações, inspira-nos as iniciativas de perdão e de paz que se impõem para o bem das nossas famílias e dos que estão ao nosso lado.

Evangelho: Lucas (Lc 15, 1-3.11-32)

Este teu irmão estava morto e tornou a viver

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da lei criticavam Jesus. "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles". 
 
3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 11"Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: `Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. 15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. 17Então caiu em si e disse: `Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: `Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'. 20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. 21O filho, então, lhe disse: `Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'. 22Mas o pai disse aos empregados: 23'Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado'. E começaram a festa. 
 
25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27O criado respondeu: `É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde'. 28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: `Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado'. 31Então o pai lhe disse: `Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado'". Palavra da Salvação!

Um pai espera a volta do filho

Não e fácil nos aceitarmos como pecadores. Em geral tentamos recusá-lo, e alguns acreditam que o conseguem; mas, de repente, sentimos, em nossa vida e na do mundo que nos cerca, uma profunda culpabilidade; guerras e exploração, ódio racial e fome, incapacidade de sermos nós mesmos, de amar o outro desinteres-sadamente, de perdoar o cônjuge ou o filho. Uma história de fragilidade, de miséria, de pecado. Pecados pessoais e pecados de um povo.

À luz da fé, o pecado do homem surge sobretudo como uma recusa de amor, um afastamento da corrente do amor de que Deus é a fonte. Mas Deus se manifesta infinitamente maior do que a recusa que lhe opomos; vai ao encontro do homem mesmo em seu pecado; perdoando, vence o ódio e dá início à história da misericórdia.

Veio buscar o que estava perdido

Jesus dá início a uma nova e singular história de perdão; Deus, que perdoa o homem com a encarnação do Filho. O Batista anuncia sua vinda, convidando à conversão em previsão do severo juízo que está para cair sobre toda a humanidade. Mas quando Jesus vem, declara não ter vindo para condenar o mundo, e sim para salvá-lo" (JO 12,47); declara ter vindo não para os que se creem justos, mas para os pecadores que se arrependem (2ª leitura).

Procura-os como o pastor vai atrás da ovelha desgarrada, ou a mulher procura a dracma perdida. Os privilegiados da misericórdia, os preferidos de Jesus, são os pobres, as mulheres abandonadas, os estrangeiros, isto é, os marcados por uma interdição e repelidos pela sociedade. Pa ra Jesus, o filho pródigo é sempre esperado. Essa atitude provoca o espanto e a indignação dos fariseus e de certos justos" incapazes de ultrapassar a justiça, semelhantes ao filho mais velho (evangelho), invejando a bondade do pai para com o irmão mais moço. Toda a vida de Cristo, especialmente sua morte na cruz, foi expressão de uma misericórdia sem limites. A história do perdão, começada com Jesus, continua na Igreja que é "sacramento de salvação". O perdão divino continua a exercer-se nela por iniciativa e vontade de Deus e pelo poder que lhe deu Cristo: perdoar é assim ajudar a humanidade a encontrar-se com Deus.

O irmão não queria entrar

Não basta ter permanecido sempre na casa do pai para participar do banquete; é preciso saber perdoar. Não basta nada ter feito de reprovável; é necessário também esperar e desejar a vinda daquele que se afastara de casa. Não basta ter observado as leis da Igreja e do Estado, ter trabalhado sempre por um mundo mais justo; não basta tampouco que os países ricos peçam justamente) perdão às populações subdesenvolvidas, por as terem, talvez inconscientemente, explorado. Devemos ser capazes de perdoar a quem caiu. Nós, ao contrário, expulsamos de casa a filha que se comportou mal, guardamos rancor contra o filho que se casou contra a nossa vontade, alimentamos nossa aversão pelo esposo que gasta no bar o que ganha etc. Consideramo-nos justos, queremos sê-lo, mas talvez invejemos os que erram e nos aborreçamos por ficar sempre em casa. E quando percebemos que o Pai está do lado daquele que caiu, que o tem sempre no coração, que o espera e, quando volta, prepara-lhe uma festa, parece-nos que isto é demais; onde está a justiça do Pai? Então ficamos com raiva e não queremos participar do banquete, do qual, aliás, já nos havíamos excluído. A Igreja não é a comunidade dos que não erram, dos que não caem, mas dos pecadores que querem voltar ao Pai, sem pretensões; a comunidade dos que compreendem o outro e, se este cai, o ajudam a retomar o caminho juntos.

Assembleia eucarística, lugar do perdão

Uma concepção demasiadamente parcial do encontro homem-Deus nos levou a restringir indevidamente o lugar do perdão cristão unicamente ao sacramento da penitência. Entretanto, toda vez que há uma comunidade reunida e uma troca de perdão entre nós, homens, isto é sacramento do perdão de Deus no confronto de todos nós. De fato, não podemos dirigir-nos ao Pai a fim de que nos perdoe, enquanto mantemos entre nós animosidade, inveja, ódio. A assembleia eucarística, particularmente, é lugar do perdão do Pai. Eucaristia é ação de graças ao Pai na oferta do sacrifício do Filho. Mas essa oferta se tornaria inútil se não fosse, ao mesmo tempo, oferta, em sacrifício, de toda a comunidade inserida no único sacrifício do Cristo. É, porém, exigência fundamental e condição absoluta o perdão mútuo entre os irmãos (cf Mt 5,23-24).

Todo rancor, mau humor, crítica, fraude devem ser eliminados. Entre esposo e esposa, comerciante e freguês, companheiros de trabalho, pároco e coadjutor. Não se pode ir ao encontro do Pai comum se não se está disposto a isto. [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1995]

sábado, 13 de março de 2010

Sábado, 13 de março de 2010

Terceira Semana da Quaresma - 2ª Semana do Saltério (Livro III) - cor Litúrgica Roxa

Santos do Dia: Ansovino de Camerino (bispo), Cristina da Pérsia (virgem, mártir), Eldrado de Novalese (abade), Eufrásia de Constantinopla (virgem), Geraldo de Mayo (abade), Macedônio, Patrícia e Modesta (mártires da Nicomédia), Nicéforo de Constantinopla (bispo, mártir), Pulquério de Liath-Mochoemoc (abade), Ramiro e Companheiros (monges, mártires de Leão, na Espanha), Rodrigo e Salomão (mártires de Córdova), Sabino do Egito (mártir), Teusita, Hórrio, Teodora, Ninfodora, Marcos e Arábia (mártires de Nicéia, na Bitínia), Agnelo de Pisa (franciscano, bem-aventurado), Pedro II de Cava (abade, bem-aventurado).

Antífona: Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não esqueças nenhum dos seus benefícios: é ele quem te perdoa todas as ofensas. (Sl 102, 2-3)

Oração do Dia: Ó Deus, alegrando-nos cada ano com a celebração da Quaresma, possamos participar com fervor dos sacramentos pascais e colher com alegria todos os seus frutos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.

I Leitura: Oséias (Os 6, 1-6)

Deus quer primeiramente o amor e a fé
 

1"Vinde, voltemos para o Senhor, ele nos feriu e há de tratar-nos, ele nos machucou e há de curar-nos. 2Em dois dias, nos dará vida, e, ao terceiro dia, há de restaurar-nos, e viveremos em sua presença. 3É preciso saber segui-lo para reconhecer o Senhor. Certa como a aurora é a sua vinda, ele virá até nós como as primeiras chuvas, como as chuvas tardias que regam o solo".

4Como vou tratar-te, Efraim? Como vou tratar-te, Judá? O vosso amor é como nuvem pela manhã, como orvalho que cedo se desfaz. 5Eu os desbastei por meio dos profetas, arrasei-os com as palavras de minha boca, mas, como luz, expandem-se meus juízos; 6quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus, mais do que holocaustos. Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Quero amor e não sacrifícios

O amor de Deus, forte e fiel, liga-o de modo indissolúvel à história de seu povo. Também o seu povo quer Deus um amor forte, e prefere-o ao sacrifício. Quer, entretanto, o conhecimento de Deus. Oséas o contrapõe aos ritos celebrados sem fé e à idolatria que toma Deus pelo que ele não é o rebaixa ao capricho das visões humanas. Mas a consciência intelectual é nula sem a descoberta do amor de Deus como se nos revela, e sem um fiel apego a este amor. Quantas liturgias nas quais nada acontece, das quais se sai sem haver encontrado a Deus, sem havê-lo conhecido melhor! O cansaço do profeta é muitas vezes o nosso, mas sabemos que meios tomar para corrigir esta impressão e fazer de cada reunião eucarística a experiência continuamente renovada de um vivo conhecimento de Deus? [Extraído do MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]

Salmo: 50 (51), 3-4. 18-19.20-21ab (R/.cf. Os 6,6)

Eu quis misericórdia e não o sacrifício!
 
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa! 
 
Pois não são de vosso agrado os sacrifícios, e, se oferto um holocausto, o rejeitais. Meu sacrifício é minha alma penitente, não desprezeis um coração arrependido! 
 

Sede benigno com Sião, por vossa graça, reconstruí Jerusalém e os seus muros! E aceitareis o verdadeiro sacrifício, os holocaustos e oblações em vosso altar!

Evangelho: Lucas (Lc 18, 9-14)

Deus torna justo quem o busca com fé
 
Naquele tempo, 9Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros: 10"Dois homens subiram ao templo para rezar: um era fariseu, o outro cobrador de impostos. 11O fariseu, de pé, rezava assim em seu íntimo: `Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. 12Eu jejuo duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda'. 13O cobrador de impostos, porém, ficou a distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no peito, dizendo: `Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!' 14Eu vos digo: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado". Palavra da Salvação!

Comentando o Evangelho

Dois modos de rezar

O contraste entre a oração do fariseu e a do publicano ilustra duas posturas diante de Deus, o modo inconveniente e o modo conveniente de rezar.

O fariseu encarna o modo inconveniente de se dirigir a Deus. Sua postura empertigada deixa transparecer a consciência de ser estimado por Deus e gozar de grande prestígio diante dele. Suas palavras denotam o grande conceito que tinha de si mesmo. Sabia-se ser uma pessoa acima de qualquer suspeita, muito diferente do resto da humanidade formada por ladrões, injustos e adúlteros. Deus não tinha como fazer-lhe nenhuma censura, uma vez que era fiel no cumprimento dos mandamentos, dentre os quais, o pagamento do dízimo.

A oração revestida de tal soberba, de forma alguma pode ser agradável a Deus. Quem se serve dela, terá a humilhação como resposta.

O publicano situa-se no pólo oposto: mantém-se distante, de cabeça baixa, temendo erguer os olhos para os céus, pois tinha consciência de ser pecador, carente da misericórdia e do perdão divinos. Sem títulos de grandeza nem provas de virtude, só lhe restava colocar-se, humildemente, nas mãos do Pai.

A oração do humilde toca o coração de Deus e é atendida. Ele vem em socorro de quem sabe reconhecer-se limitado e impotente para se salvar com as próprias forças. . [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]

Para sua reflexão: Eis uma falsa religiosidade do fariseu muito parecida com a situação de muitos nos dias atuais. Ele é senhor de si e despreza os demais. A ação de graças é recitada no AT pelos benefícios recebidos de Deus, mas o fariseu confunde tudo dando graças a Deus por sua própria bondade, a de suas obras e comportamentos. Já o coletor é uma figura típica: os judeus tinham esse tipo de pessoa como pecador. Diante de Deus o publicano se considera realmente pecador e assume o seu arrependimento. Só pede piedade e obtém o perdão e começa uma nova vida. Enfim, ninguém poderá orgulhar-se diante de Deus. Que acolhemos a Palavra como fonte de cura espiritual e melhoremos a qualidade das nossas orações ao Senhor.

Comentário ao Evangelho do dia feito por :

São Cipriano (c. 200-258), Bispo de Cartago e mártir
A Oração do Senhor, §§ 4, 6 (a partir da trad. de DDB 1982, p.42 rev.)

«O cobrador de impostos [...] nem sequer ousava levantar os olhos ao céu»


Os homens de oração devem exprimir as suas súplicas e os seus pedidos com modéstia, calma, contenção e discrição. Lembremo-nos de que nos estamos a apresentar perante Deus. É necessário que a atitude do nosso corpo, o nosso tom de voz sejam agradáveis aos olhos de Deus. Não convém estender-se em clamores; é conveniente rezar com modéstia e reserva.

O Senhor, no Seu ensinamento, manda-nos rezar isoladamente, na solidão ou mesmo em lugares retirados, até mesmo no nosso quarto (Mt 14,n23; 6,n6), o que se coaduna melhor com a fé. Sabemos que Deus está presente em todo o lado, que ouve e vê todos os homens, que o olhar da Sua majestade soberana penetra até no segredo. Com efeito, está escrito: «Será que Eu sou Deus só ao perto e não sou Deus ao longe? [...] Poderá alguém ocultar-se em lugares escondidos sem que Eu o veja? [...] Não sou Eu que encho o céu e a terra?» (Jr 23, 23-24)

O homem de oração, irmãos bem amados, não deve ignorar como o publicano orava no Templo, por comparação com o fariseu. O cobrador de impostos não levantava os olhos ao céu com descaramento, não erguia as mãos com insolência. Batia no peito, reconhecia os seus pecados interiores e escondidos, implorava o socorro da misericórdia divina. O fariseu, pelo contrário, fiava-se em si mesmo. E foi o publicano que mereceu ser reconhecido como justo. Porque rezava sem colocar a sua esperança de salvação na sua própria inocência, visto que ninguém é inocente. Rezava confessando os seus pecados, e a sua oração foi atendida por Aquele que perdoa aos humildes.

Santa Eufrásia

Eufrásia, cujo nome em grego significa alegria, nasceu no ano 380, na Ásia Menor e cresceu durante o reinado do imperador Teodósio, de quem seus pais eram parentes. Portanto, foi educada para viver na corte, rodeada pelos prazeres e luxos. Mas, nunca se sentiu atraída por nada disso, mesmo porque, seus pais também viviam na humildade, apesar da fortuna que possuíam.

Depois que ela nasceu, filha única, o casal decidiu fazer voto de castidade. Desejavam viver como irmãos, para melhor se dedicarem a Deus. Quanto à jovem, desde pequena fazia jejuns e orações que chegavam a durar alguns dias. Com a morte de seu pai, a sua mãe que começou a ser cortejada, resolveu se retirar para o Egito. Lá, com sua fortuna, também intensificou a caridade da família, levando com frequência Eufrásia em suas visitas aos conventos e hospitais que ajudava a manter.

Numa dessas visitas a um convento, quando Eufrásia tinha apenas sete anos, ela pediu para não voltar para casa. Queria ficar definitivamente alí. Os registros mostram que, apesar da pouca idade, acompanhava as religiosas em todos os seus afazeres com disciplina e pontualidade, que chegavam a impressionar por sua maturidade. O tempo passou, sua mãe faleceu e Eufrásia continuava no convento.

Vendo-a assim órfã, o imperador, seu parente, procurou por ela e lhe ofereceu a proposta que recebera de um senador, que a desejava desposar. O que, além de lhe dar estabilidade social aumentaria consideravelmente sua já enorme fortuna. Contudo Eufrásia recusou, confirmando que desejava continuar na condição de virgem e seguir a vida religiosa. Aliás, não só recusou como pediu ao governante para distribuir todos seus bens entre os pobres.

Os registros narram inúmeras graças e fatos prodigiosos ocorridos através de Eufrásia. Consta que curou um menino à beira da morte com o sinal da cruz.

Certo dia sua superiora teve uma visão, onde era avisada da morte de Eufrásia e sua futura proclamação como santa. A jovem nada sentia, mas mesmo assim fez questão de receber os sacramentos e como previsto, no dia seguinte, foi acometida de uma febre fortíssima e ela morreu. Era o ano 412 e Eufrásia foi sepultada no convento que tanto amava.

O culto à Santa Eufrásia é muito difundido no Oriente e Ocidente, pela singeleza de sua vida e pelas graças que até hoje ocorrem por sua intercessão. Sua festa litúrgica acontece no dia 13 de março, data provável de sua morte. [www.paulinas.org.br]


Santa Eufrásia, virgem, +412

Eufrásia, cujo nome em grego significa alegria, nasceu no ano 380, na Ásia Menor e cresceu durante o reinado do imperador Teodósio, de quem seus pais eram parentes. Portanto, foi educada para viver na corte, rodeada pelos prazeres e luxos. Mas, nunca se sentiu atraída por nada disso, mesmo porque seus pais também viviam na humildade, apesar da fortuna que possuíam.

Depois que ela nasceu, filha única, o casal decidiu fazer voto de castidade. Desejavam viver como irmãos, para melhor se dedicarem a Deus. Quanto à jovem, desde pequena fazia jejuns e orações que chegavam a durar alguns dias. Com a morte de seu pai, a sua mãe que começou a ser cortejada, resolveu retirar-se para o Egito. Lá, com sua fortuna, também intensificou a caridade da família, levando com frequência Eufrásia em suas visitas aos conventos e hospitais que ajudava a manter.

Numa dessas visitas a um convento, quando Eufrásia tinha apenas sete anos, ela pediu para não voltar para casa. Queria ficar definitivamente ali. Os registros mostram que, apesar da pouca idade, acompanhava as religiosas em todos os seus afazeres com disciplina e pontualidade, que chegavam a impressionar por sua maturidade. O tempo passou, sua mãe faleceu e Eufrásia continuava no convento.

Vendo-a assim órfã, o imperador, seu parente, procurou-a e ofereceu-lhe a proposta que recebera de um senador, que a desejava desposar. O que, além de lhe dar estabilidade social, aumentaria consideravelmente sua já enorme fortuna. Contudo Eufrásia recusou, confirmando que desejava continuar na condição de virgem e seguir a vida religiosa. Aliás, não só recusou como pediu ao governante para distribuir todos seus bens entre os pobres.

Os registos narram inúmeras graças e fatos prodigiosos ocorridos através de Eufrásia. Consta que curou um menino à beira da morte com o sinal da cruz.

Certo dia, a sua superiora teve uma visão, onde era avisada da morte de Eufrásia e sua futura proclamação como santa. A jovem nada sentia, mas mesmo assim fez questão de receber os sacramentos e como previsto, no dia seguinte, foi acometida de uma febre fortíssima e morreu. Era o ano 412 e Eufrásia foi sepultada no convento que tanto amava.

O culto a Santa Eufrásia é muito difundido no Oriente e Ocidente, pela singeleza de sua vida e pelas graças que até hoje ocorrem por sua intercessão. Sua festa litúrgica acontece no dia 13 de março, data provável de sua morte.

S. Rodrigo, mártir, +857

Estes dois santos, juntamente com Santo Eulógio, são os mais conhecidos entre os mártires de Córdova.

Apesar de Córdova ter sofrido por altura da invasão dos muçulmanos, os cristãos não foram tão perseguidos pela sua fé como o seriam anos mais tarde, quando a paz já reinava no local.

Em meados do séc. IX, os governantes passaram a exigir dos cristãos que jamais pronunciassem a sua fé em público e que se mantivessem apenas dentro de casa quando desejassem praticar os seus deveres cristãos.

Rodrigo, Salomão e Eulógio foram os protagonistas de uma história comovente, que aconteceu no ano de 857. Os três eram amigos e Rodrigo tinha dois irmãos, um cristão e outro muçulmano.

Certa vez, quando os seus irmãos estavam brigando, cada qual defendendo a sua própria fé, Rodrigo interveio e, colocando-se no meio dos dois para impedir a briga, levou um golpe que o fez desmaiar.

O irmão muçulmano, vendo que Rodrigo desfalecera, carregou-o nos braços por toda a cidade de Córdova dizendo que ele acabara de abraçar a fé islâmica. Ao despertar, Rodrigo negou qualquer conversão e os muçulmanos passaram a tê-lo como traidor.

Foi preso juntamente com os seus amigos e os três foram condenados à morte juntos.


Santa Serafina, virgem, +1253

Santa Serafina nasceu em 1238, pertencente a uma nobre família italiana. Era uma menina modesta, pura, piedosa, de grande mortificação, bondosa e caridosa para com todos. Santa Serafina, que amava muito os seus pais e deles recebeu conselhos contra a malícia do mundo, sempre buscou com muito empenho a pureza, a ponto de receber a graça de se consagrar ao Cristo como virgem.
Com apenas 10 anos, Santa Serafina contraiu uma grave doença que cobriu o seu corpo de chagas incuráveis e dolorosas. Durante a sua enfermidade Santa Serafina escolheu estar sobre uma tábua, a fim de se assemelhar o Cristo e, como São Paulo, completar com os seus sofrimentos o que faltava no Cristo sofredor. Santa Serafina teve momentos muito difíceis na sua vida, porém, devota à Paixão e Morte de Jesus, ofereceu tudo pela conversão dos pecadores até que, em 1253, com 15 anos, entrou na Casa do Pai.

O céu começa na terra. Podemos renascer, sarar de todas as

feridas, das mais profundas, até a morte. (Phil Bosmans)

"Alguns elevam-se pelo pecado, outros caem pela virtude." (William Shakespeare)