domingo, 13 de março de 2011

Domingo, 13 de março de 2011

I Semana da Quaresma, Ano “A”, 1ª Semana do Saltério (II Volume), cor Litúrgica Roxa

Santos: Ansovino de Camerino (bispo), Cristina da Pérsia (virgem, mártir), Eldrado de Novalese (abade), Eufrásia de Constantinopla (virgem), Geraldo de Mayo (abade), Macedônio, Patrícia e Modesta (mártires da Nicomédia), Nicéforo de Constantinopla (bispo, mártir), Pulquério de Liath-Mochoemoc (abade), Ramiro e Companheiros (monges, mártires de Leão, na Espanha), Rodrigo e Salomão (mártires de Córdova), Sabino do Egito (mártir), Teusita, Hórrio, Teodora, Ninfodora, Marcos e Arábia (mártires de Nicéia, na Bitínia), Agnelo de Pisa (franciscano, bem-aventurado), Pedro II de Cava (abade, bem-aventurado).

Antífona: Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo, estarei com ele na tribulação. Hei de livrá-lo e glorificá-lo e lhe darei longos dias. (Sl 90,15-16)

Oração: Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo.

I Leitura: Gênesis (Gn 2, 7-9; 3, 1-7)

O Senhor Deus plantou um jardim em Éden

7O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida e o homem tornou-se um ser vivente. 8Depois, o Senhor Deus plantou um jardim em Éden, ao oriente, e ali pós o homem que havia formado. 9E o Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores de aspecto atraente e de fruto saboroso ao paladar, a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

3,1A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher: "É verdade que Deus vos disse: 'Não comereis de nenhuma das árvores do jardim?"' 2E a mulher respondeu à serpente: "Do fruto das árvores do jardim, nós podemos comer. 3Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus nos disse: 'Não comais dele nem sequer o toqueis, do contrário, morrereis"'. 4A serpente disse à mulher: "Não, vós não morrereis. 5Mas Deus sabe que no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como Deus conhecendo o bem e o mal".6A mulher viu que seria bom comer da árvore, pois era atraente para os olhos e desejável para se alcançar conhecimento. E colheu um fruto, comeu e deu também ao marido, que estava com ela, e ele comeu. 7Então, os olhos dos dois se abriram; e, vendo que estavam nus, teceram tangas para si com folhas de figueira. Palavra do Senhor!

Salmo: 50(51), 3-34.5-6a.12-13.14 e 17 (R/.cf.3a)

Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pecamos contra vós

3Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! 4Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!

5Eu reconheço toda a minha iniqüidade, o meu pecado está sempre à minha frente. 6aFoi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!

12Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. 13Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!

14Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! 17Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor!

II Leitura: Paulo aos Romanos (Rm 5, 12-19 ou Rm 12, 17-19)


O pecado de Adão marcou toda sua descendência

Irmãos, 12consideremos o seguinte: O pecado entrou no mundo por um só homem. Através do pecado, entrou a morte. E a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram. 13Na realidade, antes de ser dada a lei, já havia pecado no mundo. Mas o pecado não pode ser imputado, quando não há lei. 14No entanto, a morte reinou, desde Adão até Moisés, mesmo sobre os que não pecaram como Adão, - o qual era a figura provisória daquele que devia vir. 15Mas isso não quer dizer que o dom da graça de Deus seja comparável à falta de Adão! A transgressão de um só levou a multidão humana à morte, mas foi de modo bem mais superior que a graça de Deus, ou seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se derramou em abundância sobre todos. 16Também, o dom é muito mais eficaz do que o pecado de um só. Pois a partir de um só pecado o julgamento resultou em condenação, mas o dom da graça frutifica em justificação, a partir de inúmeras faltas. 17Por um só homem, pela falta de um só homem, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e superabundante da justiça. 18Como a falta de um só acarretou condenação para todos os homens, assim o ato de justiça de um só trouxe, para todos os homens, a justificação que dá a vida. 19Com efeito, como pela desobediência de um só homem a humanidade toda foi estabelecida numa situação de pecado, assim também, pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça. Palavra do Senhor!

Evangelho: Mateus (Mt 4, 1-11)

Jesus vence todas as tentações

Naquele tempo, 1o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, teve fome. 3Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: "Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!" 4Mas Jesus respondeu: "Está escrito: 'Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus"'.

5Então o diabo levou Jesus à cidade santa, colocou-o sobre a parte mais alta do templo, 6e lhe disse: "Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: 'Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra"'. 7Jesus lhe respondeu: "Também está escrito: 'Não tentarás o Senhor teu Deus!"' 8Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os remos do mundo e sua glória, 9e lhe disse: "Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar". 10Jesus lhe disse: "Vai-te embora, satanás, porque está escrito: 'Adorarás ao Senhor teu Deus e somente a ele prestarás culto". 11Então o diabo o deixou. E os anjos se aproximaram e serviram a Jesus. Palavra da Salvação!

Oração da assembleia (Missal Dominical)

Orar que dizer entregar-se a Deus e não contar com nossas próprias forças, embora empenhados na prática do bem. Se o pecado significa desconfiança do Pai, a volta a ele implica uma atitude mais filial. Digamos, então: Protegei vosso povo, Senhor!

-Pela Igreja, para que, como seu Mestre e Senhor, saiba resistir às tentações da riqueza e do sucesso e apoiar-se somente na força da Palavra de Deus, rezemos ao Senhor.

-Por todos os homens, para que nós, cristãos, solidários com o pecado que pesa sobre a humanidade, saibamos, unir a Cristo, dar nossa vida pela libertação do mal, rezemos ao Senhor.

-Pelos que são tentados a perder a fé por causa do sofrimento, da morte, da própria incoerência moral, da fragilidade, dos escândalos, rezemos ao Senhor.

-Pelos adultos que se preparam para o batismo, a fim de que as comunidades em que nasceram para a fé percorram com eles o caminho da conversão, rezemos ao Senhor.

Outras intenções

Prefácio (a tentação do Senhor):

Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Jejuando quarenta dias no deserto, Jesus consagrou a observância quaresmal. Desarmando as ciladas do antigo inimigo, ensinou-nos a vencer o fermento da maldade. Celebrando agora o mistério pascal, nós nos preparamos para a Páscoa definitiva. Enquanto esperamos a plenitude eterna, com os anjos e todos os santos, nós vos aclamamos, cantando (dizendo) a uma só voz...

Oração sobre as Oferendas:

Fazei, ó Deus, que o nosso coração corresponda a estas oferendas com as quais iniciamos nossa caminhada para a Páscoa. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão:

Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. (Mt 4,4)

Oração Depois da Comunhão:

Ó Deus de misericórdia, sustentados pela eucaristia, dai-nos celebrar dignamente vossos sacramentos e recebê-los sempre com fé. Por Cristo, nosso Senhor.

Proposta de Deus, proposta do homem

Neste primeiro domingo é proposta uma reflexão fundamental sobre o destino do homem. É uma meditação religiosa, uma vez que põe em causa o justo relacionamento com Deus, libertando-o duas concepções errôneas.

§ O homem é escravo de forças naturais ou históricas; sua presença no mundo é o fruto de um acaso que lhe pregou uma peça breve e cruel, dando-lhe a ilusão de felicidade e abandonando-o ao poder da morte;

§ O homem é árbitro absoluto de seu destino, senhor do bem e do mal, dominador das Forças cósmicas, único protagonista da história.

Uma opção que se repete

A Bíblia apresenta o homem como criatura de Deus, por ele modelado com amor, animado por seu sopro vital, colocado em um "jardim" onde tudo é ordem e harmonia, onde o diálogo com Deus é cheio de confiança e amor (1ª leitura).

Com o pecado, entra a desordem: é a desconfiança da palavra de Deus, a tentativa de "tornar-se como Deus", definindo-se a si mesmo através do conhecimento (isto é, experiência intima) do bem e do mal. O resultado é a consciência da própria "nudez", a incapacidade de dialogar com Deus e com os semelhantes (Já no relacionamento do casal), o sofrimento e a morte (2ª leitura).

Deus retoma seu plano pacientemente; o povo judeu, ao qual promete a "terra" do repouso e do bem-estar, é submetido à mesma prova e cai, porque lhe falta confiança no Deus salvador, procura deuses mais imediatos e menos exigentes, estabelece alianças com os povos pagãos, supõe a proteção divina, mas não retribui como amor filial. O deserto permanece o lugar real e simbólico de um diálogo fracassado total ou parcialmente.

Uma confiança sem condições

Cristo é conduzido pelo Espírito ao deserto para repetir a prova: nele se concentra a fidelidade de Deus a seu plano e a fidelidade do homem que lhe responde. Apoiando-se inteiramente na palavra de Deus ("está escrito”). Cristo sai vitorioso da provação; é uma antecipação da obediência incondicional do Filho bem-amado que se torna o primogênito da nova humanidade, fiel a Deus e chamado à sua intimidade (evangelho).

Todo homem, como toda geração e toda comunidade, é chamado a reviver a mesma opção fundamental.

"A mais temível tentação não é a que nasce da carne e do mundo, mas a que nasce de uma situação em que a bondade de Deus não entra no nosso campo de percepção. O cristão pode então dizer: 'Onde então está Deus? Só encontra indiferença e silêncio: Deus se mostra tão distante que ele sente o abandono de Cristo. Vive naquela situação-limite em que viveram Abraão quando Deus lhe ordenou que sacrificasse Isaac, Jó durante a doença, e Cristo na agonia. A confiança incondicional é o único meio de salvação, mas ela toca as raias da revolta contra Deus. Tais situações são a tentação suprema para o espírito. Atacam a fé em sua própria raiz, e se compreende por que Cristo pede aos cristãos que fujam em caso de perseguição: a não-intervenção de Deus é sentida então de modo tão cruel que poderia destruir a fé. Não é pois de admirar que a Igreja e os cristãos orem todos os dias para que Deus saia de seu silêncio, que abrevia o tempo em que não manifesta seu poder" (C. Duquoc).

Tempo de teste

A Quaresma é o tempo do teste para nossa fidelidade na resposta ao plano de Deus; pode acontecer que o tenhamos traído, mutilado ou enterrado, e isso por covardia, interesse, hipocrisia, fraqueza, porque não soubemos vencer as tentações que hoje se nos oferecem. Toda civilização inclui elementos bons e elementos nocivos, expressão de sua ambigüidade, sua incapacidade para salvar-nos. Hoje esses elementos nocivos são a apatia diante das realidades espirituais, seu sufocamento "mórbido" para que não constituam mais problema e sejam relegados para os recantos da consciência e da vida; a total absorção no terrestre, nos valores e bens que nos são oferecidos em quantidade cada vez mais crescente e alienante: o "eficientismo", gerado pelo ídolo do produzir-consumir e consumir-produzir, esse círculo vicioso implacável e destruidor de todo valor humano; o egoísmo e o espírito de opressão, a luta pela própria carreira, que reduz o próximo unicamente a mais um adversário a eliminar, um concorrente a superar, um degrau pelo qual subir. [Missal Cotidiano, ©Paulus, 1995]

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