terça-feira, 29 de março de 2011

Jesus e a samaritana

Jesus e a samaritana


Naquele tempo, 5chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacó tinha dado ao seu filho José.6Era aí que ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era por volta do meio-dia.

7Chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe disse: "Dá-me de beber". 8Os discípulos tinham ido à cidade para comprar alimentos. 9A mulher samaritana disse então a Jesus: "Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?" De fato, os judeus não se dão com os samaritanos. 10Respondeu-lhe Jesus: "Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: 'Dá-me de beber', tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva". 11A mulher disse a Jesus: "Senhor; nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva? 12Por acaso, és maior que nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu, como também seus filhos e seus animais?" 13Respondeu Jesus: "Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. 14Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna". 15A mulher disse a Jesus: "Senhor; dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede e nem tenha de vir aqui para tirá-la". 16Disse-lhe Jesus: "Vai chamar teu marido e volta aqui". 17A mulher respondeu: "Eu não tenho marido". Jesus disse: "Disseste bem, que não tens marido, 18pois tiveste cinco maridos, e o que tens agora não é o teu marido. Nisso falaste a verdade". 19A mulher disse a Jesus: "Senhor; vejo que és um profeta! 20Os nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar". 21Disse-lhe Jesus: "Acredita-me, mulher; está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22Vós adorais o que não conheceis. Nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. 23Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, estes são os adoradores que o Pai e procura. 24Deus espírito aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade". 25A mulher disse a Jesus: "Sei que o messias (que se chama Cristo) vai chegar. Quando ele vier; vai nos fazer conhecer todas as coisas". 26Disse-lhe Jesus: "Sou eu, que estou falando contigo".

27Nesse momento, chegaram os discípulos e ficaram admirados de ver Jesus falando com a mulher. Mas ninguém perguntou: "Que desejas?" ou: "Por que falas com ela?" 28Então a mulher deixou o seu cântaro e foi à cidade, dizendo ao povo: 29"vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Cristo?" 30O povo saiu da cidade e foi ao encontro de Jesus.31Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus, dizendo: "Mestre, come". 32Jesus, porém, disse-lhes: "Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis". 33Os discípulos comentavam entre si: "Será que alguém trouxe alguma coisa para ele comer?" 34Disse-lhes Jesus: "O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. 35Não dizeis vós: 'Ainda quatro meses, e aí vem a colheita!' Pois eu vos digo: Levantai os olhos e vede os campos: eles estão dourados para a colheita! 36O ceifeiro já está recebendo o salário, e recolhe fruto para a vida eterna. Assim, o que semeia se alegra junto com o que colhe. 37Pois é verdade o provérbio que diz: 'Um é o que semeia e outro o que colhe'. 38Eu vos enviei para colher aquilo que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós entrastes no trabalho deles".

39Muitos samaritanos daquela cidade abraçaram a fé em Jesus, por causa da palavra da mulher que testemunhava: "Ele me disse tudo o que eu fiz". 40Por isso, os samaritanos vieram ao encontro de Jesus e pediram que permanecesse com eles. Jesus permaneceu aí dois dias. 41E muitos outros creram por causa da sua palavra. 42E disseram à mulher: "Já não cremos por causa das tuas palavras, pois nós mesmos ouvimos e sabemos, que este é verdadeiramente o salvador do mundo". Palavra da Salvação!

Sicar costuma identificar-se com a atual Askar, no sopé do monte Ebal, perto da antiga Siquém e da atual Nablus (Gn 33,18-19)



Dom Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Durante estes dias da Quaresma, o nosso itinerário batismal tem neste domingo um sinal claríssimo sobre o sinal da Água e a importância do encontro com Jesus, o Cristo. Neste ano, de maneira especial aparece este sinal, que nos ajuda a caminhar para a renovação das promessas batismais na vigília pascal.

Este domingo, chamado da “samaritana”, é o terceiro Domingo da Quaresma (cf.Jo 4,5-42). A hostilidade entre judeus e samaritanos conhecemos por outros episódios, como, por exemplo, o caso do chamado “bom samaritano”. As relações entre judeus e samaritanos eram de hostilidade constante e a Samaria era considerada território impuro para o ambiente judaico, de modo que não se deveria cruzá-la durante os percursos das viagens.


Jesus quis passar pela Samaria como uma necessidade salvífica, teológica porque nas suas intenções (que são aquelas do Pai), tinha a vontade de que também aquele povo, como todos os outros existentes, entrassem na ordem da salvação, tornando-se destinatário do anúncio do Reino e da vida nova trazida pelo Cristo.

A objeção dessa mulher: "Tu que és um judeu pedes de beber a uma mulher samaritana?", dá oportunidade a Jesus para anunciar o amor infinito de Deus, a universalidade da salvação e para comunicar a nova dimensão da vida, que agora está totalmente renovada e foi estabelecida com o Reino para todos os povos e indivíduos, homens e mulheres. Superam-se as barreiras, as restrições e as divisões étnicas e raciais.


A água tornou-se a motivação do anúncio. Vemos os vários episódios sobre ela como um símbolo e um "lugar" de salvação e novidade de vida. Recordemos isso como em Meriba, quando o povo de Israel, nômade no deserto, vê a água jorrar da rocha para saciar o povo. Também a vemos no dilúvio, quando a água é destrutiva da raça humana, que deu a oportunidade de Deus mostrar a sua misericórdia para com o homem e o mundo na restauração completa da humanidade. O grande sinal desse tempo de êxodo, ou seja, a passagem do Mar Vermelho, quando as águas foram divididas para o povo de Deus passar para o outro lado e depois fechar sobre os egípcios. Quando a lança do soldado atingiu o lado de Jesus no alto da cruz, sairá água e sangue: o sinal do Batismo e da Eucaristia.

É dessa mesma água de vida eterna que Jesus está falando com a mulher samaritana no poço de Jacó. Ele deixa claro que a água viva é o próprio Cristo, dom do Pai à humanidade, que, acolhendo-O se obtém a salvação e a vida plena, não importa se samaritanos, ou judeus, palestinos, gregos ou outros. Como a água sacia todos os homens e todos estão prontos para usá-la quando estão sob o domínio da sede, assim o Cristo sacia toda a humanidade e, reconciliando-a com o Pai, para tornar-se referência vital e indispensável.


Jesus satisfaz a nossa fome e a nossa sede, e com a sua presença e o seu anúncio pode ter a certeza de ter exaltados e postos ao seu lado e perante o mundo. Foi o que saiu anunciando a Samaritana a todos.

Dessa água da vida e da salvação, todos nós precisamos! Saciar a sede na fonte, que é Cristo, é cultivar em nós mesmos o equilíbrio, a confiança a constância de espírito, experimentando a salvação n’Ele.

Ao comentar a liturgia do terceiro domingo deste tempo favorável, o Papa Bento XVI ensina que: “O pedido de Jesus à Samaritana: “Dá-Me de beber” (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da “água a jorrar para a vida eterna” (v. 14): é o dom do Espírito Santo, que faz dos cristãos “verdadeiros adoradores” capazes de rezar ao Pai “em espírito e verdade” (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, “enquanto não repousar em Deus”, segundo as célebres palavras de Santo Agostinho”.

Depois do anúncio da samaritana, todos os que chegaram até Jesus devido ao seu testemunho foram unânimes em dizer: nós mesmos vimos e sabemos que Ele é o Cristo!

A experiência do cristão, que renasce no batismo e se torna discípulo de Jesus, será ainda maior quando os que ele encontrar pela vida ou que evangelizar disserem a mesma coisa, ou seja, que o testemunho foi o início, mas, agora, amadureceram e se encontraram com o Cristo vivo. Assim, a nossa missão leva as pessoas ao aprofundamento da fé e ao encontro com Jesus, multiplicando os discípulos missionários.

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