segunda-feira, 14 de março de 2011

São Cirilo e São Metódio

A Igreja uniu numa só comemoração os que de fato foram irmãos de sangue, de fé e de vocação apostólica até a morte. Assim reza a oração da missa: Deus, pelos dois irmãos, Cirilo e Metódio, levastes a luz do Evangelho aos povos eslavos; dai-nos acolher no coração a vossa palavra".

Nasceram na Macedônia, Grécia. Metódio, nascido em 815, ainda muito jovem, foi nomeado governador da província da Macedônia inferior, onde se estabeleciam os eslavos. Cirilo, nascido em 826, ainda rapaz de 14 anos, foi acolhido pelo chanceler imperial e levado a Constantinopla, capital do Império Bizantino, para completar seus estudos. Depois de formado, lecionou filosofia e desenvolveu missão diplomática junto aos árabes.

Metódio abandonou a carreira administrativa e se fez monge, com trinta e oito anos de idade. Cirilo, anos mais tarde, juntou-se ao irmão.

A missão apostólica dos dois irmãos começou em 861. O príncipe da Moravia enviou uma embaixada a Constantinopla solicitando missionários para a conversão dos povos eslavos. Cirilo e Metódio tinham aprendido a língua eslava com imigrantes, durante a mocidade. Foram eles os designados para tal missão.

Os dois tiveram grande sensibilidade para com os valores culturais do povo: traduziram para a língua eslava a Sagrada Escritura e os textos litúrgicos, assim como adaptaram os ritos à cultura eslava. Assim o povo podia cantar, rezar e ler em sua própria língua, como também expressar-se com ritos mais significativos e próprios (realizando a reforma litúrgica, o Concílio Vaticano II fez o que eles fizeram naquela época para os povos eslavos).

Esta sábia adaptação causou, porém, os maiores dissabores aos missionários. Até então, a língua oficial na liturgia era a grega ou a latina. Havia muitos padres e missionários que se opunham à inovação de Cirilo e Metódio. Julgavam erroneamente que a unidade da Igreja Católica se quebraria pelo fato de um povo participar da liturgia oficial numa língua que não o latim ou o grego, e com ritos apropriados à sua cultura.

Os dois viajaram para Roma. O papa apoiou o trabalho deles e os incentivou. Autorizou o uso da língua eslava na liturgia com o povo. Os livros em eslavo, traduzidos pelos missionários, foram abençoados pelo papa e colocados oficialmente sobre o altar da basílica de Santa Maria Maior.

Cirilo já viera doente da missão. O papa quis sagrá-lo bispo, mas não foi possível, pois sua doença agravou-se e acabou falecendo em Roma com quarenta e dois anos de idade. Metódio foi ordenado sacerdote e celebrou sua primeira missa em rito eslavo com três outros companheiros. Voltou para seu campo de apostolado com os títulos de "missionário apostólico eslavo" e "legado pontifício".

"Numa segunda viagem a Roma, em 869, foi nomeado arcebispo de Sírmio. Dez anos depois teve de voltar a Roma para defender-se mais uma vez dos seus acusadores. Novamente o papa endossou seus métodos e trabalhos. Faleceu em 884. A atividade dos dois irmãos apóstolos dos eslavos foi e continua sendo muito significativa: além de procurarem, por todos os meios, adaptar a evangelização à cultura do povo, representaram também o elo de união entre as assim chamadas Igreja Ocidental e Igreja Oriental, que lamentavelmente iriam se separar com o decorrer do tempo.

O Papa João Paulo II proclamou-os patronos da Europa junto com São Bento. [O SANTO DO DIA, Dom Servilio Conti, I.M.C., Vozes, 1997]

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