terça-feira, 15 de março de 2011

Vida e dores do planeta

Dom Genival Saraiva, Bispo de Palmares - PE

Com a Campanha da Fraternidade, a Igreja no Brasil estimula ações de natureza pastoral e práticas de caráter educacional. Desenvolve um trabalho formativo que sempre repercute, positivamente, na vida do povo. Em razão da participação dos diversos segmentos da sociedade, na discussão do assunto desenvolvido, há sempre um fruto colhido pela população; de conformidade com a temática abordada; os poderes públicos, em muitos casos, implementam políticas públicas que vêm atender às necessidades coletivas.

A Campanha da Fraternidade traduz o olhar da Igreja sobre a realidade vivida pelo povo, em determinado contexto; sem dúvida, se trata de um olhar pastoral, atento e responsável, levando em consideração, sobretudo, os interesses da população; isso acontece porque, segundo uma expressão de Paulo VI, a Igreja é “perita em humanidade”. Com efeito, em toda as faces de sua ação pastoral, a Igreja sempre lida com pessoas, enquanto lhes dirige sua palavra, ouve seus clamores, conhece suas dificuldades, contribui para sua promoção e acompanha suas conquistas.

Ao abordar o tema “Fraternidade e vida no planeta”, “a CNBB propõe que todas as pessoas de boa vontade olhem para a natureza e percebam como as mãos humanas estão contribuindo para o fenômeno do aquecimento global e as mudanças climáticas, com sérias ameaças para a vida em geral, e a vida em especial, sobretudo a dos mais pobres e vulneráveis.” Ao propor o lema – “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22) –, quer evidenciar as “dores” do planeta que, como as do parto, deveriam ser passageiras e prenunciadoras de alegria; todavia, essas dores, por serem decorrentes de alteração das leis da natureza, se agravam e tendem a tornar-se crônicas, em razão de sua complexidade e extensão.

O problema do aquecimento global deixou de ser assunto discutido por especialistas, em grandes simpósios; não é matéria apenas de interesse de organismos internacionais; não consta somente da pauta de lideranças mundiais. O envolvimento da população na discussão desse problema tem uma dupla razão de ser; primeiramente, porque está vendo e sentindo os efeitos do aquecimento global, em razão da degradação da natureza, provocada pelas grandes, médias e pequenas indústrias que, naturalmente, são as maiores responsáveis pela poluição mundial, nacional, regional e local; por sua vez, também ela tem sua parcela de responsabilidade na contaminação ambiental, nas cidades e no campo, por sua intervenção nociva, no dia a dia, ou sua omissão comprometedora, em maior ou menor escala. No âmbito local, a ação direta ou omissão da população na degradação do meio ambiente deve-se, fundamentalmente, a uma falta de educação social.

Vivenciando a CF, com o conhecido método do Ver, Julgar e Agir, a CNBB pretende envolver a sociedade, dando-lhe a oportunidade de conhecer mais e melhor a vida do planeta terra, desfigurada diante de contínuas agressões, avaliando-a com a contribuição da ciência e da religião, e suscitando, de forma programada, iniciativas corretivas e preventivas. A religião, indiscutivelmente, tem um papel importante no processo de formação de uma consciência coletiva, também em torno desse assunto: “A ação da Igreja não pode ser resumida à liturgia e ao culto. Ela deve ser também formadora de consciência a partir dos critérios determinados pela moral cristã”.

Iniciando a Quaresma, na Quarta feira de Cinzas, a CNBB faz o lançamento nacional da Campanha da Fraternidade, sempre contemplando a face da vida da Igreja e da sociedade brasileira, em relação ao tema deste ano. O Regional Nordeste 2, por sua vez, fará o seu lançamento, em Natal, nos dias 11 e 12 de Março, com a participação de suas 21 Arqui/Dioceses; estas, de sua parte, o farão, de conformidade com seu Calendário Pastoral.

Na medida em que participe ativamente da CF 2011, a sociedade brasileira haverá de colher os frutos esperados.

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