Domingo, 28 de fevereiro de 2010
Segunda Semana da Quaresma - 2ª Semana do Saltério (Livro III) - cor Litúrgica Roxa
Santos do Dia: Mártires da Peste de Alexandria, Protério (bispo e mártir), Romano e Lupicino (abades), Hilário (papa), Osvaldo de Worcester (arcebispo), Ângela de Foligno (beata e viúva), Vilana de Florença (beata e matrona), Hedviges da Polônia (beata e matrona), Antônia de Florença (beata e viúva), Luísa Albertoni (beata e viúva).
Antífona: Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. É vossa face, Senhor, que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rotos! (Sl 26,8)
Oração do Dia: Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho amado, alimentai nosso espírito com a vossa palavra, para que, purificado o olhar de nossa fé, nos alegremos com a visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo..
I Leitura: Gênesis (Gn 15, 5-12.17-18)
Deus fez aliança com Abrão, homem de fé
Naqueles dias, 5o Senhor conduziu Abraão para fora e disse-lhe: "Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz!" E acrescentou: "Assim será a tua descendência". 6Abrão teve fé no Senhor, que considerou isso como justiça. 7E lhe disse: "Eu sou o Senhor que te fez sair de Ur dos caldeus, para te dar em possessão esta terra". 8Abrão lhe perguntou: "Senhor Deus, como poderei saber que vou possuí-la?" 9E o Senhor lhe disse: "Traze-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, além de uma rola e de uma pombinha". 10Abrão trouxe tudo e dividiu os animais pelo meio, mas não as aves, colocando as respectivas partes uma frente à outra. 11Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou.
12Quando o sol já se ia pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror. 17Quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre os animais divididos. 18Naquele dia o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: "Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates". Palavra do Senhor!
Salmo: 26(27), 1.7-8.9abc.13-14 (R/.1a)
Senhor é minha luz e salvação
O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei?
Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, atendei por compaixão! Meu coração fala convosco confiante, é vossa face que eu procuro.
Não afasteis em vossa ira o vosso servo, sois vós o meu auxílio! Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, meu Deus e salvador!
Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes. Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!
II Leitura: Carta de Paulo aos Filipenses (Fl 3, 17-4,1)
Só pensam nas coisas terrenas
17Sede meus imitadores, irmãos, e observai os que vivem de acordo com o exemplo que nós damos. 18Já vos disse muitas vezes, e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. 19O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas.
20Nós, porém, somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso salvador, o Senhor, Jesus Cristo. 21Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas. 4,1Assim, meus irmãos, a quem quero bem e dos quais sinto saudade, minha alegria, minha coroa, meus amigos, continuai firmes no Senhor. Palavra do Senhor!
Evangelho: Lucas (Lc 9, 28b-36)
Jesus no deserto era guiado pelo Espírito e foi tentado
Naquele tempo, 28bJesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. 29Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. 32Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele.
33E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: "Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias". Pedro não sabia o que estava dizendo. 34Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. 35Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz!" 36Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto. Palavra da Salvação!
Deus se faz “aliado” do homem
Um rito sacrifical sela o pacto entre Deus e Abraão, na mesma linha dos ri tos que toda religião realiza como expressão de suas relações com a divindade. Mas alguns elementos entre os que são postos em evidência, adquirem sucessivamente, à luz da história da salvação, um sentido bem maior.
A iniciativa vem de Deus. Sua é a escolha de Abraão, sua a promessa de uma terra e de uma descendência que ultrapassa toda esperança. Abraão tem fé no Senhor, e isto lhe é imputado como justiça. Desde então o caminho de Abraão, amigo do Senhor, se orientará de acordo com os planos daquele que o chamou e que caminha ao lado dele. Deus oferece sua amizade; Abraão e os seus dizem sim. A aliança éo novo sentido da história pessoal de Abraão e do povo que dele nascerá como sinal da fidelidade de Deus. Da parte de Deus, a aliança, com suas promessas e suas exigências, jamais será traída: Abraão se torna dono da terra que Deus lhe havia prometido.
O povo se esquecerá muito frequentemente do seu Deus, mas o Senhor será fiel à aliança. É o "Deus de Abraão, Jsaac, Jacó" que manda Moisés fazer sair o povo do Egito e estabelece com ele uma aliança no Sinai, na perspectiva
de um novo ingresso na terra dos antepassados. Toda aliança supõe uma saída e uma entrada; um êxodo do Egito e um ingresso na terra prometida; ou, segundo os profetas, um êxodo do pecado, da injustiça social, do formalismo cultual, para um ingresso no reino messiânico de paz e de fidelidade.
A aliança nos engaja
Cristo se apresenta como a aliança definitiva entre Deus e o seu povo. Também para ele a aliança se faz através de um êxodo (no evangelho, Moisés e Elias falam do seu "êxodo", sua morte) e de um ingresso (a face do Cristo muda de aspecto e as suas vestes fulgurantes indicam a ressurreição). Como a aliança com Abraão se faz no rito de passagem no meio dos animais sacrificados, e a aliança do Sinai na aspersão do sangue sobre o povo presente, também a aliança definitiva se faz no sangue do Filho de Deus.
A Ceia do Senhor: celebração da aliança
Os apóstolos não compreendem, no momento, o episódio da transfiguração, mas quando o Espírito desce sobre eles, tornam-se as testemunhas do fato decisivo da cruz e ressurreição. A eles e a toda a comunidade suscitada por seu testemunho, é confiado o memorial da nova aliança, selado não com o sangue dos animais imolados, mas com o sangue de Cristo, para a remissão dos pecados.
A Igreja, tornada herdeira de Israel e da promessa de Abraão, renova sua aliança com Deus, através do rito da eucaristia, no qual a palavra de ação de graças torna explícito o gesto da comunidade. O Pão e o Vinho partilhados são o sinal da nossa comunhão com Deus, da nossa caminhada com Cristo, nele e com ele, aceitando as exigências da aliança na alegria de sermos seus amigos. Reconheçamos também que a iniciativa é de Deus, e com humildade, mas com coragem, como Paulo (2~ leitura), tomemos nossa parcela nas lutas pelo anúncio do evangelho, sabendo que a tarefa é comum, do Pai e nossa.
Bíblia: palavras do Deus da aliança
A um homem fechado em si mesmo, bloqueado em sua exacerbada autonomia, profundamente inquieto, estrangeiro num mundo que não conhece, urge redescobrir algo ou alguém em quem confiar para dar segurança e sentido à própria vida. A comunidade cristã oferece a esse homem uma proposta de solução apresentando o Deus da aliança, o Deus que entra em contato conosco, o Deus que nos trata por "tu" e a quem podemos tratar por "tu". E é na Bíblia que encontramos esse Deus "diferente". A um homem empenhado, portanto, em dar uma solução e uma direção a sua vida, impõe-se uma avaliação atenta e responsável da proposta da Escritura e depois uma leitura que procure apreender o seu sentido profundo, ultrapassando uma concepção episódica e mítica.
Esse estudo se impõe particularmente ao cristão, para o qual o encontro com o Deus da aliança se faz antes de tudo na comunidade cristã e na Palavra que nela é proclamada.
Não basta uma leitura pessoal; corremos o risco de pôr a palavra de Deus a nosso serviço, de cair num estéril subjetivismo, de não permitir que a palavra "reviva”.
A leitura "comunitária" faz com que a Palavra de Deus caminhe junto com a comunidade; enriquece-a continuamente, através da ação do Espírito, com novos significados e atualizações, que fazem penetrar melhor no mistério do plano salvífico.
Ótima oportunidade para tal confronto comunitário é a preparação, em grupo, das leituras da liturgia dominical. [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1995]