segunda-feira, 30 de maio de 2011

Evangelizar é fazer o que Jesus fez


A morte de Estêvão foi o estopim para que em Jerusalém explodisse a perseguição contra os cristãos de cultura grega, à frente dos quais estava o próprio Estêvão. Por causa dela, os fiéis se dispersaram. Lucas vê nesse fato a chance providencial que a comunidade tem de levar o anúncio da palavra de Deus aos que ainda não a conhecem. Se em Jerusalém o anúncio provocou perseguição, na Samaria suscitará contentamento. Temos aqui uma das grandes forças da palavra de Deus: a capacidade de confraternizar povos inimigos (compare com Lc 9,51ss). De fato, judeus e samaritanos detestavam-se mutuamente. Agora, a Samaria acolhe o anúncio da Palavra, feito por intermédio de Filipe, um dos sete ministros (8,5; cf. 6,5).


Filipe é apresentado como modelo de evangelizador que sai de Jerusalém para levar o testemunho a todos (cf. 1,8). Fica, assim, caracterizado o tipo da comunidade evangelizadora: a que não põe fronteiras ao trabalho pastoral. A missão do evangelizador é prolongamento do que Jesus disse e fez. Consta de anúncio e de fatos. Filipe anuncia o Cristo (v. 5) e realiza milagres (v. 6). As duas atividades estão unidas entre si. Anunciar o Cristo é já mostrá-lo presente na ação concreta. Por isso, a pregação de Filipe é acompanhada pela expulsão dos espíritos maus e pela cura de paralíticos e aleijados (como fez o próprio Jesus). Em outras palavras, anunciar o Cristo é eliminar tudo o que aliena e despersonaliza o ser humano (demônios), dando às pessoas condições para que assumam responsavelmente a própria caminhada (cura dos paralíticos e aleijados). O clima que esses acontecimentos suscita é o da alegria messiânica (cf. 2,46; Lc 2,10), que contagia a quantos aceitam Jesus como o Libertador e Senhor de suas vidas (v. 8).


A Igreja de Jerusalém toma conhecimento do que a palavra de Deus realizou na Samaria. E envia para lá Pedro e João (v. 14). Sua tarefa é completar a evangelização mediante a oração e a imposição das mãos. Os samaritanos recebem o Espírito Santo. No plano de Lucas, realiza-se o Pentecostes dos pagãos (os samaritanos eram considerados pagãos pelos judeus). O Espírito vai conduzindo a evangelização, fazendo que muitos povos se integrem ao único povo messiânico. O Espírito não é propriedade dos apóstolos. Estes, sim, são servos do Espírito, pois ele os conduz e impulsiona. Assim, de acordo com At 1,8, os discípulos de Jesus se tornam testemunhas na Judéia (Jerusalém), na Samaria e até nos confins do mundo (o resto do livro dos Atos), pois o Espírito da Verdade (cf. evangelho) é o dinamismo da comunidade cristã missionária. [Vida Pastoral nº 253, Paulus, 2007]



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