quinta-feira, 1 de setembro de 2011


Capitulo ViI-CIDADE do Cais



Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. (I Coríntios 13,2)

 
Já bem longe andando Catarina e Zelinda seguiram pelo rio até chegar a ponte vermelha onde avistaram a Cidade do Cais, eram duas horas da tarde. Quem sabe alguma alma caridosa lhes desse algo para comer. Enquanto andavam pela cidade Catarina perguntou a Zelinda:

- Você acha que se alguém descobrir e falar o nome de um anjo disfarçado aqui na terra ele revela a sua gloria?

Zelinda:
- Bom eu acredito porque as palavras têm poder, a final de contas foi por meio delas que Deus fez o mundo. Ele dizia faça isso e aquilo e tudo ia surgindo. E não podemos nos esquecer o ser humano é imagem e semelhança de Deus. Então devemos ter alguma coisa dele; se não fosse assim para que pedir benção de pai e mãe?

Após muito pedirem e nada conseguirem Catarina sentou na calçada cansada, olhou para o mar fazendo uma prece a Nossa Senhora dos Navegantes para ajudar naquela situação, então saltou aos olhos ali na calçada uma moedinha tão pequenininha que só deu para comprar um pãozinho pouco maior que seu polegar.  Ela deu o pão para amiga e esta perguntou.

- E você não vai comer nada Catarina?

- Vou sim já estou até comendo – Disse ela imitando estar comendo algo bem gostoso, para que sua companheira de viagem nada percebesse. – Zelinda posso te fazer uma pergunta?

Zelinda:
- Claro que pode?
Catarina:
- O que você vai fazer em Lorena?
Zelinda:
- Fazer as pazes com minha irmã gêmea, nós brigamos e por isso fiquei cega.
Catarina:
- Nunca ouvi falar que alguém ficou cega por brigar com a irmã.
Zelinda:
- É que você não sabe os males que o ressentimento faz. 
 
Eis que elas subitamente são cercadas por dois maus elementos. Um deles espremeu Catarina contra a parede e o outro arrastou Zelinda para um beco próximo. Vendo a amiga em perigo Catarina usando toda sua força empurra o malfeitor para longe e corre para ajudá-la.

Zelinda também não era fácil e deu umas boas bengaladas no outro bandido e ele a soltou. Só que os dois malfeitores se recuperaram e as duas se viram cercadas no beco sem ter para onde ir.

Então um deles, o que estava na entrada do beco, pegou um pedaço de pau para surrar as duas. Quando ele se preparou para fazê-lo irmã Helena apareceu e segurou o braço do malfeitor o jogando contra a parede.

Irmã Helena:
- Vocês não têm vergonha de baterem em duas menininhas?

Os dois foram então para cima da freira que deu uma surra vergonhosa neles, colocando-os para correrem completamente doloridos.

Irmã Helena se voltando para as duas perguntou:
- O que vocês duas estão fazendo aqui? 

Catarina com alegria abraçou irmã Helena e então relatou a aventura das duas até aquele momento.

Helena então as levou para o convento que ela morava, devido à lei vigente irmã Helena não estava usando seu véu mostrando seu cabelos loiros, era a primeira vez que Catarina via os cabelos de sua catequista aquilo apareceu estranho, pois mesmo sem véu e o crucifixo que ela levava no pescoço era a mesma pessoa, só que era com um leão sem juba; ao chegarem no convento bateram a porta na qual se lia:

Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram anjos”.(Hebreus 13,2).


Aquela frase fez Catarina se recordar de sua mãe dona Irene que lhe recomendava.

- Minha filha trate sempre as pessoas bem, pois Deus às vezes manda seus anjos disfarçados, como a Arcanjo Rafael que se deu a conhecer como Azarias, para saber como vão as coisas aqui na terra.

“Anjos disfarçados” Catarina achava essa idéia muito engraçada; pois como eles escondiam as asas? Estava pensando nisso quando uma jovem irmã abriu a porta, com um belo sorriso e saudando-as dizendo paz e bem. Elas então entraram no convento onde ao qual havia um belo jardim e no meio dele havia um carvalho com um crucifixo pendurado e uma frase por cima do crucifixo:

Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor”.
(São João 15,9)
 
 Então seguiram pela direita do convento, passando pela imagem de Nossa Senhora da Paz, depois uma pequena capela onde algumas irmãs rezavam diante do Sacrário e finalmente a cozinha onde havia comida com fartura para a felicidade de Catarina.

Na cozinha enquanto comiam Catarina leu uma frase de Santo Agostinho em um quadro na parede:

“A soberba provoca a desunião, o amor, a união”.

As irmãs do convento ficaram encantas ao saberem o que aquelas duas aventureiras tinham passado.

A Madre superiora deixou que elas passassem a noite ali, arrumando-lhes um quarto.  Zelinda assim que deitou na cama dormiu. Já Catarina tinha algo esquentando sua cabeça e foi conversar com irmã Helena.

Catarina:
- Irmã Helena tem uma coisa que está me perturbando as idéias.
Helena:
- O que é?
Catarina:
- Como é que consegui ser mais forte que aquele bandido?
Helena:
- Ora pequenina é que você foi tocada pelo dom do amor que nos faz ser muito mais forte do que imaginamos. É por causa desse dom que uma mãe consegue levantar um elefante que está para esmagar o seu filho. Nós temos por habito subestimar o amor, só que nos esquecemos que Deus é amor e Dele vem a nossa força.  Agora vá dormir, pois vou passar a noite no carvalho rezando. E lembre-se pequenina “Nascemos por amor, vivemos para amar e somente o amor eterniza nossas vidas”.(Frei Neylor Tonin)

No quarto Zelinda dormia de roncar, Catarina deitou na cama e não conseguiu dormir eram tantas coisas que tinham acontecido na viagem e apesar das dificuldades precisava muito a agradecer a Jesus que sempre se fazia presente. Assim nesse pensamento pegou seu rosário, caminhado até o Carvalho para rezar diante de Jesus Crucificado junto com irmã Helena, só que a freira não estava mais lá e para sua surpresa encontrou mais um anjo e nele estava escrito “Amor”. Então feliz da vida agradeceu muito a Deus, rezou na intenção de Nossa Senhora da Conceição e depois foi guardar o anjo na sua bolsa.

No dia seguinte Catarina ao acordar percebeu que Zelinda não estava mais no quarto, contudo viu que a amiga deixou na cama uma folha de papel com muitos pontinhos nela. Catarina ficou pensando o que significava aquilo. Depois desistiu de desvendar aquele mistério e foi procurar a amiga e não a encontrou em parte alguma e tão pouco Irmã Helena. Então ela pensou na certa foram comprar coisas para o resto da viagem.


Nisso soldados, levados por aqueles dois malfeitores de antes, bateram a porta do convento e Madre Superiora tratou de esconder Catarina em um local seguro. Só que o chefe dos soldados ameaçou as irmãs do convento e Catarina temendo pelo pior se entregou para evitar que as irmãs passassem por mais tormento. 

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