quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Evangelho segundo S. Marcos 7,14-23.

Chamando de novo a multidão, dizia: «Ouvi-me todos e procurai entender. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça.» Quando, ao deixar a multidão, regressou a casa, os discípulos interrogaram-no acerca da parábola. Ele respondeu: «Também vós não compreendeis? Não percebeis que nada do que, de fora, entra no homem o pode tornar impuro, porque não penetra no coração mas sim no ventre, e depois é expelido em lugar próprio?» Assim, declarava puros todos os alimentos. E disse: «O que sai do homem, isso é que torna o homem impuro. Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, as prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições, perversidade, má fé, devassidão, inveja, maledicência, orgulho, desvarios. Todas estas maldades saem de dentro e tornam o homem impuro.»


Da Bíblia Sagrada




Comentário ao Evangelho do dia feito por :

São João da Cruz (1542-1591), carmelita, Doutor da Igreja
Avisos e máximas (161-168, a partir da trad. Seuil 1945, p. 1202)

«Cria em mim, ó Deus, um coração puro» (Sl 50, 12)


A pureza do coração corresponde ao grau de amor e de graça de Deus; assim, quando o nosso Salvador chama bem-aventurados àqueles que têm o coração puro (Mt 5, 8), fala daqueles que estão cheios de amor, porque a beatitude é-nos dada segundo o grau do nosso amor.
Aquele que ama verdadeiramente a Deus já não cora diante do mundo por aquilo que faz para Deus, não o esconde com atrapalhação, ainda que o mundo inteiro venha a condená-lo.
Aquele que ama verdadeiramente a Deus vê como um ganho e uma recompensa a perda de todas as coisas criadas, e até a própria perda de si próprio por amor a Deus [...].

Aquele que trabalha para Deus com um amor puro, não só não se perturba por ser visto pelos homens, como também não age de forma a ser visto por Deus [...].
É coisa grande exercitarmo-nos muito na prática do amor santo, porque a alma que atinge a perfeição e a consumpção do amor não tardará, seja nesta vida, seja na outra, a ver o rosto de Deus.
Aquele que tem o coração puro aproveita igualmente quer da elevação quer da humilhação para se tornar sempre mais puro, enquanto que o coração impuro disso só se serve para produzir ainda mais frutos de impureza.
O coração deposita em todas as coisas um saboroso conhecimento de Deus, casto, puro, espiritual, cheio de alegria e de amor.

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