quinta-feira, 30 de junho de 2011


40 Arcebispos recebem o pálio das mãos do Papa






11:03 - 29/06/2011

Bento XVI presidiu a celebração eucarística na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, na Basílica de São Pedro, na manhã desta quarta-feira. O Papa está completando também hoje, 60 anos de vida sacerdotal. Em sua homilia o Santo Padre frisou:

"Passados sessenta anos da minha Ordenação Sacerdotal, sinto ainda ressoar no meu íntimo estas palavras de Jesus, que o nosso grande Arcebispo, o Cardeal Faulhaber, com voz um pouco debilitada, mas firme, nos dirigiu, a nós novos sacerdotes, no final da cerimônia da Ordenação. Segundo o ordenamento litúrgico daquele tempo, esta proclamação significava então a explícita concessão aos novos sacerdotes do mandato de perdoar os pecados. «Já não sois servos, mas amigos»: eu sabia e sentia que esta não era, naquele momento, apenas uma frase de cerimônia; e que era mais do que uma mera citação da Sagrada Escritura. Ele me chama de amigo. Acolhe-me no círculo daqueles que receberam a sua palavra no Cenáculo; no círculo daqueles que Ele conhece de um modo muito particular e que chegam assim a conhecê-Lo de modo peculiar" - ressaltou o pontífice .

Bento XVI ressaltou que na frase "Já não sois servos, mas amigos" se encerra todo o programa da vida sacerdotal. O que é verdadeira amizade? A amizade é uma comunhão do pensar e do querer. O Senhor não se cansa de nos dizer a mesma coisa: «Conheço os meus e os meus me conhecem». O Pastor chama os seus pelo nome. Ele me conhece pelo nome" – frisou Bento XVI.

Jesus doou a sua vida por nós. "Senhor, ajudai-me a conhecer-Vos cada vez melhor! Ajudai-me a identificar-me cada vez mais com a vossa vontade! Ajudai-me a viver a minha existência, não para mim mesmo, mas a vivê-la juntamente convoco para os outros! Ajudai-me a tornar-me sempre mais vosso amigo" – disse ainda o Papa.

As palavras de Jesus sobre a amizade, "Já não sois servos, mas amigos", "situa-se no contexto do discurso sobre a videira. O Senhor exorta-nos a superar as fronteiras do ambiente onde vivemos e levar ao mundo dos outros o Evangelho, para que permeie tudo e, assim, o mundo se abra ao Reino de Deus. Isto pode trazer-nos à memória que o próprio Deus saiu de Si, abandonou a sua glória, para vir à nossa procura e trazer-nos a sua luz e o seu amor. Queremos seguir Deus que Se põe a caminho, vencendo a preguiça de permanecer cômodos em nós mesmos, para que Ele mesmo possa entrar no mundo." – disse ainda o pontífice.

No final da homilia o Papa saudou o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I e a delegação por ele enviada para a Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.

O Santo Padre saudou também os novos arcebispos que receberam o Pálio e explicou os significados do Pálio, um deles é a comunhão dos Pastores da Igreja com Pedro e seus sucessores. "Devemos ser pastores para a unidade e na unidade" – concluiu o Papa.

O Arcebispo de Palmas (TO), Dom Pedro Brito Guimarães, entrevistado por Silvonei José nos fala de sua emoção em receber o Pálio das mãos do Santo Padre.

Fonte: Rádio Vaticano


A recepção do Pálio





11:00 - 29/06/2011

No próximo dia 29 de junho estarei entre os arcebispos do mundo todo que, nomeados de um ano para cá, receberão o pálio, na Basílica de S. Pedro, no Vaticano, das mãos do Santo Padre, o Papa Bento XVI. Por que foi escolhido o dia 29 de junho para essa celebração? É o dia em que tradicionalmente a Igreja celebrava a solenidade dos apóstolos São Pedro e São Paulo, e a celebra ainda em alguns lugares. No Brasil e na maioria dos países, a festa dos dois apóstolos passou para o domingo seguinte a essa data.

Para mim, a recepção do pálio é mais do que um acontecimento pessoal: trata-se de um fato eclesial, que diz respeito à missão que Bento XVI me confiou, atribuindo-me a responsabilidade de conduzir a Igreja Particular de São Salvador da Bahia. Ao me impor o pálio o Papa, com seu gesto, estará como que repetindo o que escreveu na Bula de minha nomeação: “Empenha-te em santificar os fiéis a ti confiados, com atenta atividade de Pastor e providente amor de Pai, a fim de que eles continuem dia por dia a trabalhar para a edificação da Igreja, que não só conduz as pessoas para a santidade de vida e a salvação eterna, mas também torna melhor a sociedade civil”.

O pálio é uma espécie de colarinho de lã branca, com cerca de cinco centímetros de largura e dois apêndices. Nele estão bordadas seis cruzes. É confeccionado com a lã de dois cordeirinhos, ofertados ao Papa por jovens romanas, no dia 21 de janeiro de cada ano, data da festa de Santa Inês. A lã posteriormente é tecida pelas monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Cecília, em Roma. Nos primeiros séculos da era cristã, o pálio era usado exclusivamente pelos papas. A partir do sexto século é que passou a ser usado também pelos arcebispos metropolitanos. Os pálios são abençoados pelo Papa e colocados sobre o túmulo do Apóstolo São Pedro, sobre o qual está o altar principal da Basílica que leva o nome desse apóstolo. No dia 29, os pálios são dali levados para a celebração eucarística e colocados ao redor do pescoço dos novos arcebispos, para lembrar-lhes que o bom pastor leva as ovelhinhas em seus ombros. Se um arcebispo é transferido para outra arquidiocese, deve receber novo pálio. É o meu caso: pela terceira vez estarei participando dessa cerimônia. As duas vezes anteriores foram em 1997, quando assumi a Arquidiocese de Maringá – PR, e em 2002, quando assumi a de Florianópolis – SC.

Por que os arcebispos recebem o pálio? A Igreja Católica está dividida em províncias eclesiásticas, cada uma delas formada por algumas dioceses (não há número determinado). As dioceses de Amargosa, Itabuna, Ilhéus, Eunápolis, Alagoinhas, Teixeira de Freitas – Caravelas e Camaçari, juntamente com a Arquidiocese de São Salvador da Bahia, formam a Província Eclesiástica de São Salvador da Bahia, criada em 1676, que foi a primeira do Brasil. (A Província Eclesiástica de São Sebastião do Rio de Janeiro foi criada somente em 1892; a de São Paulo, em 1908). O pálio, símbolo da comunhão de cada arcebispo com o Bispo de Roma, é usado sobre os paramentos e unicamente durante as funções litúrgicas celebradas na respectiva província eclesiástica.

Cada ano cerca de trinta e cinco arcebispos do mundo inteiro recebem o pálio. Quando retornam para suas arquidioceses, levam não só o colar de lã que lhes foi imposto pelas mãos do sucessor de Pedro, mas também o compromisso de traduzir nas atividades pastorais aquilo que esse tradicional sinal litúrgico representa, isto é, a fé em Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador, o compromisso de imitar o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, e a comunhão com a Sé Apostólica.

Comecei afirmando que, mais do que um acontecimento pessoal, a recepção do pálio é um fato eclesial, que diz respeito ao povo de Deus. É verdade: na recepção do pálio terei presente que represento a Arquidiocese Primacial do Brasil. Assim, em nome de todos os filhos e filhas desta Arquidiocese renovarei o compromisso de viver em comunhão com o sucessor de Pedro, que recebeu de Cristo a missão de confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22,32).

Fonte: Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia - BA

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