segunda-feira, 27 de junho de 2011

O CASTELO INTERIOR E AS SETE MORADAS

"Santa Teresa de Ávila no livro Castelo Interior, considera a oração o maior de todos os bens e a porta para entrar na perfeição e progredir na vida espiritual.


A Igreja também aprovou (São Pio X) que os graus de oração correspondem aos graus de santificação cristã, e graças a eles a alma pode conhecer o seu nível de pureza.

Vamos examinar brevemente o desenvolvimento da vida de oração. Santa Teresa de Ávila no livro Castelo Interior, fala de sete moradas concêntricas e da gradual aproximação e descoberta de Deus, que reside na morada mais interna, ou seja, no centro da alma humana.

Partindo de fora, na Primeira Morada se combate o pecado mortal, mas, ainda sem muito empenho, cumprem-se as práticas de piedade prescritas pela Igreja, fazem-se habitualmente só orações vocais (Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória, etc).

Na Segunda Morada, combate-se sinceramente o pecado mortal, recebem-se os Sacramentos com mais frequência, à oração vocal começa a se acrescentar a meditação, a reflexão, a ruminação e a assimilação das verdades que a Revelação Divina propõe à nossa fé.

Na Terceira Morada, o pecado mortal se torna raríssimo, começa-se a combater o pecado venial; as práticas de piedade se consolidam; a meditação é agora cotidiana. As maravilhas da vida de deus e de Cristo e o plano de Deus a nosso respeito são examinados e assimilados. A inteligência trabalha com aplicação para conhecer.

Na Quarta Morada, vence-se o pecado mortal; se ocorre esporadicamente alguma queda, logo é seguida de um vivíssimo arrependimento e de penitências reparadoras; poucas vezes o pecado venial é deliberado; as práticas de piedade são fervorosas. Na oração, o intelecto começa a esgotar os seus argumentos e cansar-se; os afetos da vontade e do coração levam a melhor sobre os discursos do intelecto e a oração se torna afetiva. Depois, gradualmente, a repetição e o aprofundamento dos afetos levam a simplificar também estes, e a oração se torna oração de simplicidade: um simples olhar, uma presença, uma amorosa atenção a Deus, ou a Jesus Cristo, ou a alguma das verdades da Revelação cristã.

Na Quinta Morada, o pecado venial não se comete mais voluntariamente; combatem-se as imperfeições com o propósito firme de agradar a Deus; a vida sacramental é assídua. Aqueles que atingiram este ponto levam uma habitual vida de oração, que constitui como que o respirar de sua alma; todas as faculdades da alma, os pensamentos, os afetos, a memória, a fantasia, acham-se ativamente voltados para Deus. Deus envia purificações à alma (purificações passivas) e às vezes com alguns lampejos de contemplação liga as faculdades da alma, ou seja, une a Si o intelecto, dando Ele mesmo conhecimentos à alma; ou a vontade, atraindo-a a seu amor.

Na Sexta Morada, a pessoa não mais consente nas imperfeições. A alma se esquece de si mesma, tem sede de sofrimentos e tribulações, de imolar-se pela conversão dos pecadores. O dom da contemplação é quase habitual; com a repetição, ela se aprofunda e se apodera de toda a alma. Quando Deus une a Si todas as potências da alma (pensamentos, afetos, memória, fantasia), tem-se a oração de união; quando além das faculdades da alma se suspendem também os sentidos corporais externos, tem-se o matrimônio espiritual; Deus uniu a Si a sua esposa, mas essa união foi apenas passageira. Deus purifica profundamente a alma (noite do espírito).

Na Sétima Morada, que é a mais interna, atingida pelos grandes Santos, as imperfeições são apenas aparentes e o seu exercício consiste somente em amar. É um amor de incrível intensidade e pacífico; a sua chama se converteu em brasas. Nesse ponto alto habita somente a honra, a glória de Deus. A Santíssima Trindade se mostra em visão à alma e se une a ela e se lhe dá de modo permanente (matrimônio espiritual) Deus e a alma não podem mais separar-se, e mesmo durante o sono permanecem unidos no amor: ”Eu estava dormindo, mas meu coração velava” (Ct 5,2). Nesta união, a alma saboreia o prelúdio da vida eterna, o amor e a glória de Deus se tornam a sua única preocupação. Também a morte se torna uma morte de amor, ”porque, embora morrendo durante uma enfermidade, a alma é arrebatada por um ímpeto amoroso mais sublime que os precedentes e tão poderoso que é capaz de despedaçar a tela e arrancar consigo a jóia preciosa da alma” (São João da Cruz).

Deus concede este ideal sublime de perfeição e de santidade a todas as almas. Ele bem deseja que a vida cristã desemboque na união transformadora, prelúdio da vida eterna."

”Tende por certo que a todos os que abandonam tudo por amor a Deus, Ele se dá por inteiro. Não tem preferência de pessoas, ama a todos indistintamente e, por isso, ninguém, ainda que agora fosse muito mau, pode alegar qualquer desculpa”. ”Pensai que o Senhor convida a todos. Ele é Verdade e a sua palavra não pode ser colocada em dúvida. Assim, tenho por certo que se não se para no caminho, chegaremos a beber dessa água viva” (Santa Teresa de Jesus).

Fonte:
Eli Edno (Com. Shalom)

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