terça-feira, 21 de junho de 2011

“Não julgueis para não serdes julgados”


No Evangelho, Jesus exorta aos seus discípulos: “Não julgueis para não serdes julgados”. A expressão: “Não julgueis...”, não se refere propriamente a um julgamento de valor, se um ato é bom ou mal, mas a um julgamento de condenação. O que é confirmado, logo a seguir, ao dizer: “para não serdes julgados”.

É um “passivo divino”, em que o sujeito da ação é Deus e a perspectiva é de futuro, numa visão escatológica. Em outras palavras, cada um de nós possui um espírito crítico, não nos pertencendo, porém, o direito de emitir um julgamento em nível eterno, definindo a salvação ou não de alguém, quem quer que seja.

Jesus deseja sim que cresçamos no amor. Há um dito rabínico muito apropriado: “Quem julga seu vizinho favoravelmente, será favoravelmente julgado por Deus”. De fato, como é fácil levantar um preconceito e como é difícil julgar de modo imparcial. Nosso julgamento do outro é geralmente “desfocado”, pois não conseguimos ir ao interior da pessoa, muitas vezes nem mesmo temos acesso a todos os fatos e intenções.

O lema seria: “Pensar sempre o melhor do outro”. Crescemos assim no amor a Deus e ao próximo. Com isto não se quer excluir a exigência da correção fraterna, aconselhada em Mt 18,15. Perdura, porém, a advertência como condição primordial: amar aquele a quem se repreende. Exatamente como faz Deus conosco.

S. Agostinho escreve: “Alguém pecou por cólera, e tu o repreendes com ódio. Há grande diferença entre cólera e ódio, assim como entre um cisco e uma trave. Pois o ódio é a cólera entranhada: com o tempo, ele adquire tanta força que de cisco poderá se transformar em trave.

Se tu só te irritas, tu podes ter a boa vontade de corrigir o culpado; mas se tu o odeias, tu não podes querer sua emenda. “Lança para longe de ti teu ódio: e então, este homem que tu amas, tu poderás corrigir”.

“Senhor, que o amor para com meu irmão cresça sempre mais em meu coração!”

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