segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Capitulo II – Que vida boa meu deus

por: Claudio Peixoto Campos (Catarina e a Lenda dos 7 anjos)

Eis o que eu reconheci ser bom: que é conveniente ao homem comer, beber, gozar de bem-estar em todo o trabalho ao qual ele se dedica debaixo do sol, durante todos os dias de vida que Deus lhe der. Esta é a sua parte. (Eclesiastes 5,17)

O Jornal precisava de uma entregadora e uma menina chamada Catarina se candidatou ao emprego, todo dia ela acordava cedinho e na sua bicicleta ia fazendo sua entrega matinal.

Catarina como tantas outras meninas do local estudava no colégio de Dona Sofia, ia as aulas de Catecismo da Irmã Helena, admirava Ártemis, adorava ouvir a estórias engraçadas de Marilza e tinha medo quando tinha que tomar injeção com a Doutora. Aruana.

Os pais de Catarina, seu Camilo e dona Irene, eram pessoas bem conhecidas na região. Ele trabalhava como caminhoneiro e ela era a doceira. E se tinha algo que Catarina gostava era de doce.

Domingo era sagrado depois da Santa Missa Catarina acompanhava Marilza levando hóstia para os doentes da região. Isso porque no interior sempre se fazia um bolinho para esperar aquele que vinha trazer um pouco de carinho e o Corpo de Cristo para quem estava enfermo. Então Catarina que não era boba ia atrás da guloseima. Enquanto Marilza confortava os doentes em Cristo e Nossa Senhora da Africa.

- Tem ânimo, porque é fácil a Deus curar-te! (Tobias 5,13)

E os doentes a elogiavam.

- Marilza você é um anjo! Marilza você tem vida!

E ela respondia sempre com um sorriso:

- Deve ser por causa do meu nome.

Dizia isso porque Malaika significa Anjo e Maisha Vida, no idioma dos seus ancestrais africanos.

Outros não sabiam como ela conseguia dar conta de tomar conta de casa, dos doentes da região, da rádio com seus programas e entrevistas e o que mais aparecesse na sua frente. Ela apenas sorria e respondia o seguinte.

- (Deus) Torna os meus pés velozes como os das gazelas e me instala nas alturas. (II Samuel 22,34)

Depois do almoço Catarina ia visitar Ártemis, isso é claro quando Ártemis não almoçava na casa de Catarina, apesar da diferença de idade as duas eram muito amigas quase irmãs. Por causa do seu trabalho e por ser sozinha domingo era dia de Ártemis arrumar a casa e Catarina ia lá ajudar, era uma bela casa de cor azul com um pé de eucalipto plantado na frente. As duas começavam pela sala onde na parede havia uma imagem de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos e um quadro com a seguinte inscrição.

"A coragem é a primeira das qualidades humanas, porque é a qualidade que garante as demais”.- Winston Churchill

Ártemis sempre teve uma vocação militar muito disciplinada e organizada. Ela colecionava histórias de guerra e de seus lendários generais. E transmitia esses conhecimentos a Catarina, que ficava imaginando esses lugares e pessoas enquanto limpava os moveis. Depois elas iam andar a cavalo, nadar no rio e brincar com um bumerangue que Ártemis trouxe lá da terra dela.

No seu primeiro ano no emprego Catarina recebeu de cada uma de suas patroas um rosário, cada um com as contas e as cores diferentes e por não decidir qual devia usar desmontou os cinco e fez um único rosário, só que ela ao fazer isso perdeu a cruz de todos os rosários. Então ela era a menina do rosário capenga, pois não tinha cruz.

A vida era boa, mas tudo estava para mudar.

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