quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Capitulo Iv – Viajar é Preciso.

Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores. (Josué 1,9)

O padre de Vila de São Tomé estava em prisão domiciliar na casa paroquial, contudo dona Irene, mãe de Catarina, ai visitá-lo levando provisões e o padre secretamente passava por ela hóstias consagradas para os poucos fies que restavam.

Um belo dia Catarina, tão pequena, viu o seu mundo desabar, depois que sua mãe foi presa por levar a hóstia secretamente para os fies doentes do local. Logo então a policia veio prender seu pai também como cúmplice, mandado seus pais para a terrível prisão de Tzaria. Catarina foi trancada na dispensa de sua casa, para então ser mandada para um orfanato do governo e depois mandada para uma outra família selecionada para reeducá-la segundo a doutrina do Estado.

A menina de noite rezava seu rosário capenga teve uma idéia. Ir até a Igreja da Matriz pedir ajuda a Nossa Senhora da Solidariedade, pois acreditava que a Santa podia ajudar. Mas como chegar a Igreja da Matriz? A capital era muito longe e quando fora lá com os pais, era tão pequena que nem se lembrava do caminho. Uma coisa era certa ela não poderia ficar ali naquela situação. Por sorte a trancaram na dispensa de sua casa, a qual ela sabia ter uma grade solta e ai poderia escapar por ali.

Então ela saiu no escuro da noite, só que ao chegar lá fora ela se deu conta de que estava muito escuro, tanto que dava até medo, as nuvens encobriam a lua de tal forma que parecia ter as trevas tomado conta de toda a terra. Invocando Nossa Senhora do Perpétuo Socorro ela começou a caminhar, mal deu uns passos e tropeçou, se ela acendesse uma luz que seja podia chamar a atenção de um guarda e ela seria presa. Contudo ela não ia desistir e invocando Nossa Senhora do Desterro continuou andando no escuro e quase cai num buraco se alguém não a segurasse pelo braço.

Então uma voz de outra menina se fez ouvir na escuridão sussurrando.

- Você não devia estar na cama essa hora?

Ela se virou e deu de cara com outra menina da idade dela. Então perguntou.

- Quem é você? Pois não te conheço dessas bandas.

A menina respondeu.

- Meu nome é Zelinda! Sou uma peregrina que anda por todo canto desse mundo.

Catarina então indagou a viajante:

- Você conhece o caminho que leva até a Igreja de Nossa Senhora da Solidariedade?

Zelinda:

- Sim conheço já estive lá muitas vezes. E por coincidência estou viajando para Lorena.

Catarina:

- Você pode me levar lá?

Zelinda:

- Claro que posso, e vamos agora.

Catarina:

- Como você vai andar nessa noite escura?

Zelinda, mostrando sua bengala diz:

- Isso não é difícil já estou acostumada.

Catarina:

- Minha Nossa Senhora! Você é uma guia cega, nós duas vamos é cair dentro de um buraco.

Zelinda, a tranqüilizou:

- O guia cego que cai no buraco é aquele que não tem humildade para perceber que é cego, como não tenho esse problema então seguiremos bem. – E mostrando um crucifixo concluiu – Você só tem duas escolhas ou você me segue ou você se perde.

Catarina:

- Tudo bem.

Zelinda:

- Então vamos seguir para o norte.

Catarina:

- Para lá é o sul.

Zelinda:

- Isso é um detalhe técnico. Posso saber o que você quer fazer lá?

Catarina:

- Acender uma vela e pedir a Nossa Senhora que olhe pelo meu povo e ajude meus pais, acredito que se fizer isso ela vai me ajudar.

Zelinda:

- Está ai algo raro nesses dias.

Catarina:

- O que?

Zelinda:

- Alguém que acredite em alguma coisa.

Elas então saíram da vila e andaram horas a fio tomando o caminho da floresta, evitando assim estradas e possíveis patrulhas.

Contudo o chefe dos guardas ao saber que ela tinha fugido, mandou soltar os três cães mais ferozes atrás das fugitivas, elas já tinham andado um bom tempo pela floresta e a lua então surgiu lá no céu iluminando o caminho. O que parecia um alivio para Catarina ver de novo o caminho se tornou desespero quando elas perceberam os cães que vinham atrás delas. Catarina invocando Nossa Senhora da Agonia e vendo bem aonde ia corria mais à frente de Zelinda que pelo caminho caiu no chão. Catarina tinha duas escolhas fugir ou socorrer a companheira de viagem; armada de um pedaço de pau ela voltou e apesar do medo ficou entre as feras e a Zelinda e quando os animais estavam para atacar Ártemis apareceu montada em seu cavalo, com uma tocha na mão e disse para as duas fugirem, pois ela encarava as feras.

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