sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Capitulo V-UMA Casinha no meio do Mato

A Sabedoria edificou sua casa, talhou sete colunas. (Provérbios 9,1)

A noite já ia longe e Catarina já demonstrava cansaço, sua companheira de viajem percebendo isso parou perto de um Sicômoro, aquela árvore que Zaqueu subiu para ver Jesus, ali Zelinda disse que era um bom lugar para dormirem, para assim pouparem forças, e as duas subiram na árvore para evitarem qualquer animal selvagem.

Zelinda:

- Obrigada por voltar para e me salvar. Foi muito corajoso de sua parte.

Catarina:

- Não foi nada. E para falar a verdade eu estava cheia de medo.

Zelinda:

- Um escritor chamado Mark Twain disse uma vez: "Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo”.

As duas fizeram silêncio, então Zelinda passou a mão no seu crucifixo e disse:

- Olha se não for abusar muito da sua pessoa gostaria que você guardasse a minha cruz, pois tenho medo de perdê-la nessa correria que estamos.

Catarina:

- Não sei se sou a pessoa mais indicada para guardar sua cruz, pois já perdi cinco. E por isso meu rosário não tem nenhuma.

Zelinda:

- Então coloque seu rosário na minha mão.

Catarina colocou e Zelinda com os dedos foi sondando a cruz e dizendo.

- Da para sentir nos dedos que as contas de um mistério para o outro não diferentes, eu dificilmente me perderia num rosário assim.

Então ela pegou a cruz e prendeu no rosário.

- Agora você não perde mais. E se algum dia se ver em lugar sem ter como sair lembre-se “A cruz é a chave que liberta”.

De manhã cedo Catarina acordou ao passo que sua companheira dormia tranqüilamente. Tirou do bolso seu rosário e começou a rezar na intenção de Nossa Senhora de Fátima e agradecendo a Deus pelo sol que surgia. Terminada a oração ela examinou os galhos do Sicômoro para ver se achava algum figo e não encontrando nada olhou em volta e viu uma ameixeira, descendo então da árvore e indo colher alguns frutos só que lá também não havia o que colher, contudo logo notou que bem na sua frente havia um anjo pendurado e nele se lia a palavra “Coragem”, procurando a amiga viu que Zelinda já estava no chão, sondando o terreno.

Catarina:

- Foi você que pendurou o anjo na árvore?

Zelinda:

- Anjo? Eu estava dormindo até agora.

Catarina:

- Se não foi você quem foi?

Catarina começou a pensar naquilo, por um instante ela desejou que a Dona Sofia estivesse ali, pois ela era muito inteligente e poderia explicar tudo. Subitamente Zelinda disse:

- Estou com fome. E você? Venha comigo, pois acho que posso encontrar algo para o nosso café da manhã.

As duas andaram por entre as árvores e logo viram uma casinha de onde na janela estava um bolo esfriando. Catarina ficou impressionada com o olfato da companheira, pois ela só quando se aproximou da casa que sentiu o cheiro do bolo.

Catarina ficou surpresa e muito alegre quando de dentro da casa saiu à professora Sofia.

Depois de agradeceram a Deus, Catarina então contou o que pretendia fazer enquanto, elas tomavam chá com bolo na varanda da casa. Nesse momento ela mostrou a professora o anjo que ela achou na floresta.

A professora Sofia deu um pulo entrou dentro da sua casa pegou um dos inúmeros livros que ali existiam e contou a história dos sete anjos, uma vez um artesão apareceu na cidade e quis enfeitar a coroa que Nossa Senhora tem na cabeça e fez sete anjos muito belos cercando Nossa Senhora e deu nome a cada um dos anjos; o primeiro se chamava Coragem, o segundo Sabedoria, o terceiro anjo Amor, o quarto Ânimo e o quinto anjo Inspiração Divina, o sexto anjo o nome é um enigma a ser desvendado e o sétimo anjo era um mistério que ficava dentro de uma caixinha e só quem olhasse dentro da caixa saberia que anjo era esse. E esta caixa só pode ser aberta com a chave que cada um dos seis anjos tem dentro de si. E vejam só o artesão era tão habilidoso que para abrir esse anjinhos você tem que sussurrar o nome que eles têm bem pertinho deles. Então ela levou o anjinho próximo dos lábios e sussurrou “Coragem” abrindo o anjo e revelando a chave que o anjinho tinha dentro de si e depois o fechou. E toda vez que um anjo se revela ou você descobre seu nome e fala ele mostra sua gloria e poder celestial.

Depois dessa explicação Dona Sofia disse que as acompanharia na aventura, entrou em casa fez uma pequena mala e deu de presente a Catarina uma bolsinha para ela guardar o anjinho. Bem como uma sacolinha com comida pra viagem.

Seguiram então pela floresta e já tinham andado um bom trecho quando encontraram guardas do governo revirando a mata atrás delas. A professora então disse que os atrairia para um outro caminho para que as duas pudessem fugir.

Catarina:

- Mas professora como eu vou fazer sem a senhora para me orientar? Não sou assim tão inteligente se houvesse um jeito da senhora transferir o que a senhora sabe para minha cabeça ia se muito mais fácil.

A professora deu um beijo na testa da menina e disse citando Marcel Proust:

- A sabedoria não se transmite, é preciso que nós a descubramos fazendo uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar e que ninguém nos pode evitar, porque a sabedoria é uma maneira de ver as coisas.

Antes de se separarem Sofia recomendou.

- O melhor caminho para a cidade era rumar nessa direção até a nascente do rio de Santo Antão, mas cuidado não atravessem para o outro lado da nascente, pois lá é muito perigoso. Desçam pelo rio e só passem para o outro lado quando chegarem à ponte vermelha. Dali vocês estarão bem perto da Cidade do Cais. Deus acompanhe vocês.

E assim cada uma seguiu seu caminho.

(continua na segunda...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário