quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CORPO DA ÚLTIMA SANTA CLARISSA PEREGRINA À PORCIÚNCULA


Iniciativa no centenário da consagração de Santa Clara


ASSIS, quarta-feira, 24 de agosto de 2011 (ZENIT.org) – As basílicas de Santa Clara de Assis e de Santa Maria dos Anjos, na Porciúncula, acolhem nesta semana o corpo de Santa Camilla Battista Varano de Camerino, a clarissa canonizada mais recentemente.

A iniciativa faz parte do 8º centenário da consagração de Santa Clara na Porciúncula, ocorrida entre os anos 1211 e 1212, segundo um comunicado dos franciscanos.

O programa prevê que o corpo da santa permaneça na basílica de Santa Maria dos Anjos até hoje, quando a Santa será levada à basílica de Santa Clara, onde as clarissas a acolherão com o canto das Vésperas.

O corpo de Santa Camilla Battista Varano voltará, no dia 26 de agosto à tarde, ao mosteiro de Santa Clara, na localidade italiana de Camerino, onde é custodiado habitualmente.

Santa Camilla foi canonizada no último dia 17 de outubro e se distingue pela tenacidade e firmeza com que quis buscar os ideais e o carisma de Santa Clara de Assis, na região de Las Marcas.

Princesa santa

Camilla nasceu na corte de Varano. Seu pai, Giulio Cesare de Varano, era o príncipe de Camerino. Ela passou a juventude entre festas, bailes e vida social. Estudou latim, leis, aprendeu a pintar e montar a cavalo.

Cresceu em um suntuoso palácio. Conta sua autobiografia que, quando tinha 9 anos, em uma Sexta-Feira Santa escutou uma homilia na qual o irmão Domenico da Leonessa pediu aos presentes que derramassem pelo menos uma lágrima, cada sexta-feira, por amor a Jesus. Ela assumiu isso como um voto, que seguiu durante toda a vida.

Intuiu muito jovem a vocação à vida religiosa, mas lhes custava aceitá-la. Depois decidiu abandonar-se nas mãos de Deus e entendeu que Ele a chamava, mas seu pai queria que ela se casasse. Sua nova luta foi superar os obstáculos para poder entrar no mosteiro.

Aos 23 anos, entrou no mosteiro de Santa Clara de Urbino, um dos lugares mais representativos do movimento da observância.

“Faz, Senhor, que minha vida sempre te louve, bendiga, glorifique e edifique meus irmãos”, dizia a futura santa, em um dos seus escritos.

Dois anos mais tarde, Camilla fez sua profissão religiosa com o nome de Sor Battista, junto a outras 8 irmãs de Urbino e, assim, ingressou no novo mosteiro de Camerino.

Seu pai e seus irmãos foram assassinados em uma perseguição que sua família sofreu em 1502. Camilla foi obrigada a refugiar-se na cidade de Atri, uma pequena localidade de Abruzzo, na região meridional da Itália.

Em 1505, o Papa Júlio II a enviou a fundar um mosteiro de clarissas em Fermo e, nos anos 1521 e 1522, ela viajou a San Severino delle Marche para formar as clarissas locais que haviam assumido naquele período a regra de Santa Clara.

Mística

Camilla teve diferentes experiências místicas, que se refletem nos numerosos escritos, nos quais revela seu ardente amor a Cristo crucificado.

Morreu em 31 de maio de 1524, durante uma peste. “Ressuscitaste-me em ti, verdadeira vida que dás a vida a cada vivente”, escreveu Camilla. Atualmente, seu corpo está custodiado e exposto ao culto em uma cripta dedicada a ela, na igreja do mosteiro de Camerino.

O milagre para a sua canonização ocorreu em 1877. Trata-se da cura milagrosa de uma menina chamada Clelia Ottaviane, de Camerino, que sofria de raquitismo. Devido a alguns problemas do postulador anterior, a causa se deteve durante 100 anos. Foi retomada em 1998 e, em dezembro de 2009, o Papa Bento XVI assinou o decreto em que se aprovava o milagre para a sua canonização.

As obras de Camilla fora recopiladas em alguns livros que estão sendo reeditados pelas irmãs clarissas por ocasião da sua canonização: “Lembranças de Jesus”, “As dores mentais da paixão de Jesus”, “Autobiografia”, “Instruções ao discípulo”, “Tratado da pintura do coração” e “Considerações sobre a paixão de Nosso Senhor”.

Em um dos seus escritos, Camilla exorta: “Sirva-o por puro amor, porque só Ele é o Senhor que merece ser servido, amado, louvado em cada criatura”.


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