domingo, 17 de abril de 2011

DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR

Domingo, 17 de abril de 2011

Ramos e Paixão do Senhor, Ano “A” 2ª Semana do Saltério (II Volume), cor Vermelha

Hoje: Dia Mundial da Juventude

Santos: Aniceto (papa e mártir), Mapálico e seus companheiros (mártires), Inocêncio (bispo), Donano e seus companheiros (mártires), Roberto de Chaise-Dieu (abade), Estêvão Harding (abade), Eberardo de Marchtal (abade), Tiago de Cerqueto (beato), Clara de Pisa (beata, viúva), Hermógenes, Marco de Bolonha (bem aventurado franciscano, confessor, 1ª ordem)

Antífona: Saudemos com hosanas o Filho de Davi! Bendito o que nos vem em nome do Senhor! Jesus, reio de Israel, Hosana nas alturas! (Mt 21,9)

Oração do Dia: Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Benção de Ramos: Mateus (Mt 21, 1-11)

Jesus entra humildemente em Jerusalém

Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, 2dizendo-lhes: "Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! 3Se alguém vos disser alguma coisa, direis: 'O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá"'. 4Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: 5"Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta". 6Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. 7Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes, e Jesus montou. 8A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. 9As multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!" 10Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: "Quem é este homem?" 11E as multidões respondiam: "Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia".Palavra da Salvação!

I Leitura: Isaias (Is 50, 4-7)

Não desviei meu rosto das bofetadas e cusparadas


4O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. 5O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. 6Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cus­paradas. 7Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. Palavra do Senhor!

Comentando a I leitura

O Servo sofredor, discípulo de Deus

O movimento profético do Segundo Isaías surtiu efeito junto ao povo oprimido no exílio da Babilônia. Sua atuação se deu nos últimos anos do exílio, ao redor de 550 a.C. Após um período de prostração e desesperança, o povo vai recuperando o ânimo, especialmente com a perspectiva da volta para a terra prometida. Os quatro cânticos do Servo sofredor refletem o rosto dos exilados em seu processo de construção da esperança. Nessa caminhada, Deus manifesta sua presença amiga e consoladora.

O texto de hoje corresponde aos primeiros versículos do terceiro canto do Servo sofredor. São palavras portadoras de muita fé e confiança em Deus. O Servo revela sua disposição de ouvir os apelos divinos e demonstra ter consciência da missão especial que Deus lhe dá. É a imagem do povo que não se sente abandonado, mas protegido e conduzido pelo Senhor. Essa certeza o leva a manter a cabeça erguida, resistir e perseverar mesmo no meio da incompreensão, das injúrias e das agressões dos inimigos. Tem a profunda convicção do socorro que vem de Deus. Por isso, tem a postura própria das pessoas pacíficas, a ponto de oferecer as costas aos que batem e o rosto aos que arrancam a barba.

O povo sofredor, Servo de Deus, está firme e confiante; manifesta total autonomia perante os poderosos que o oprimem. Essa situação foi conquistada mediante a intervenção divina. Foi Deus quem abriu os ouvidos do seu Servo amado a fim de que pudesse ouvi-lo numa atitude de discípulo; foi Deus também quem lhe “deu a língua de discípulo para que soubesse trazer ao cansado uma palavra de conforto”. As pessoas servas de Deus, tanto ontem como hoje, demonstram firmeza e determinação em profunda solidariedade com os abatidos e cansados. Elas assumem, na liberdade e na confiança, a missão de espalhar no meio do povo o fermento novo da justiça. Sua fidelidade à missão alicerça-se na escuta atenta e renovada da palavra de Deus “de manhã em manhã”. (Celso Loraschi, Vida Pastoral nº 277, Paulus)

Salmo: 21 (22), 8-9.17-18a.19-20.23-24 (+2a)

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

Riem de mim todos aqueles que me vêem, torcem os lábios e sacodem a cabeça: Ao Senhor se confiou, ele o liberte E agora o salve, se é verdade que ele o ama!

Cães numerosos me rodeiam furiosos e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos.

Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre eles minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, Ó minha força, vinde logo em meu socorro!

Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos! Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, Glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o, toda a raça de Israel!

II Leitura: Filipenses (Fl 2, 6-11)
Humilhou-se a si mesmo e Deus o exaltou acima de tudo

6Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, 7mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, 8humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: "Jesus Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai. Palavra do Senhor!

Comentando a II Leitura

Jesus se fez Servo

Esse hino cristológico, que Paulo insere em sua carta aos Filipenses, é uma das primeiras formulações de fé das comunidades cristãs. Constitui um caminho essencial da espiritualidade cristã. O caminho, na verdade, é o próprio Jesus, que desceu livremente até o ponto mais baixo, tornando-se o último. O rebaixamento (quênose) se dá em quatro degraus: de sua divindade assume a condição humana, torna-se escravo, sofre a morte e morte de cruz. Esvazia-se totalmente de qualquer dignidade; reduz-se a nada.

Esse processo de aniquilamento, que Jesus livremente aceitou, denuncia toda espécie de poder. Renunciou não somente à sua condição divina, mas também aos próprios direitos naturais de uma pessoa comum. Como escravo, perdeu todas as possibilidades de defender-se das acusações injustas e, por isso, foi condenado e morto como “maldito”. Desse ponto mais baixo possível, é elevado pelo Pai ao ponto mais alto. Por causa de sua obediência e humilhação até as últimas consequências, foi exaltado por Deus, recebendo “o nome que está acima de todo nome”.

O rebaixamento de Jesus revela sua solidariedade radical com os últimos da sociedade, com aquelas pessoas sem valor, desprezadas, excluídas e descartadas. Conduziu sua vida não para a realização de seus interesses próprios. Não veio em busca de honra e glória; veio, sim, como servidor voluntário das pessoas necessitadas. Esse Jesus que se fez escravo nos convida ao seu seguimento. É o nosso Mestre. Ele é Deus e Senhor de todas as coisas. A ele dobramos nossos joelhos e prestamos homenagem, juntamente com toda a criação. (Celso Loraschi, Vida Pastoral nº 277, Paulus

Evangelho: Mateus (Mt 26, 14-27,66 ou Mt 27,11-54)

A paixão do Senhor

Naquele tempo, 14um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: "O que me dareis se vos entregar Jesus?" Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.

Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?

17No primeiro dia da festa dos ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: "Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?" 18Jesus respondeu: "Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos"'. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa.

Um de vós vai me trair.

20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21Enquanto comiam, Jesus disse: "Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair". 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: "Senhor, será que sou eu?" 23Jesus respondeu: "Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!" 25Então Judas, o traidor, perguntou: "Mestre, serei eu?" Jesus lhe respondeu: "Tu o dizes".

Isto é o meu corpo. Isto é o meu sangue.

26Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos, e disse: "Tomai e comei, isto é o meu corpo". 27Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lhes, dizendo: "Bebei dele todos. 28Pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados. 29Eu vos digo: de hoje em diante não beberei deste fruto da videira, até o dia em que, convosco, beberei o vinho novo no Reino do meu Pai". 30Depois de terem cantado salmos, foram para o monte das Oliveiras.

Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão.

31Então Jesus disse aos discípulos: "Esta noite, vós ficareis decepcionados por minha causa. Pois assim diz a Escritura: 'Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão'. 32Mas, depois de ressuscitar, eu irei à vossa frente para a Galiléia". 33Disse Pedro a Jesus: "Ainda que todos fiquem decepcionados por tua causa, eu jamais ficarei". 34Jesus lhe declarou: "Em verdade eu te digo, que, esta noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes". 35Pedro respondeu: "Ainda que eu tenha de morrer contigo, mesmo assim não te negarei". E todos os discípulos disseram a mesma coisa.

Começou a ficar triste e angustiado.

36Então Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse: "Sentai-vos aqui, enquanto eu vou até ali para rezar!"37Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, e começou a ficar triste e angustiado. 38Então Jesus lhes disse: "Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo!" 39Jesus foi um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto por terra e rezou: "Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, mas sim como tu queres". 40Voltando para junto dos discípulos, Jesus encontrou-os dormindo, e disse a Pedro: "Vós não fostes capazes de fazer uma hora de vigília comigo? 41Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca".42Jesus se afastou pela segunda vez e rezou: "Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!" 43Ele voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono. 44Deixando-os, Jesus afastou-se e rezou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45Então voltou para junto dos discípulos e disse: "Agora podeis dormir e descansar. Eis que chegou a hora e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos pecadores. 46Levantai-vos! Vamos! Aquele que me vai trair, já está chegando".

Lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam.

47Jesus ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão armada de espadas e paus. Vinham a mandado dos sumos sacerdotes e dos anciãos do povo. 48O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: "Jesus é aquele que eu beijar; prendei-o!" 49Judas, logo se aproximou de Jesus, dizendo: "Salve, Mestre!" E beijou-o. 50Jesus lhe disse: "Amigo, a que vieste?" Então os outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam. 51Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a espada, e feriu o servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha. 52Jesus, porém, lhe disse: "Guarda a espada na bainha! pois todos os que usam a espada pela espada morrerão. 53Ou pensas que eu não poderia recorrer ao meu Pai e ele me mandaria logo mais de doze legiões de anjos? 54Então, como se cumpririam as Escrituras, que dizem que isso deve acontecer?" 55E, naquela hora, Jesus disse à multidão: "Vós viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo, eu me sentava para ensinar, e vós não me prendestes". 56Porém, tudo isto aconteceu para se cumprir o que os profetas escreveram. Então todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram.

Vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso.

57Aqueles que prenderam Jesus levaram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás, onde estavam reunidos os mestres da Lei e os anciãos. 58pedro seguiu Jesus de longe até o pátio interno da casa do Sumo Sacerdote. Entrou e sentou-se com os guardas para ver como terminaria tudo aquilo. 59Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte. 60E nada encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, vieram duas testemunhas, 61que afirmaram: "Este homem declarou: 'posso destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em três dias" 62Então o Sumo Sacerdote levantou-se e perguntou a Jesus: "Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?" 63Jesus, porém, continuava calado. E o Sumo Sacerdote lhe disse: "Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Messias, o Filho de Deus". 64Jesus respondeu: "Tu o dizes. Além disso, eu vos digo que de agora em diante vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu". 65Então o Sumo Sacerdote rasgou suas vestes e disse: "Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Pois agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia. 66Que vos parece?" Responderam: "E réu de morte!" 67Então cuspiram no rosto de Jesus e o esbofetearam. Outros lhe deram bordoadas,68dizendo: "Faze-nos uma profecia, Cristo, quem foi que te bateu?"

Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes.

69pedro estava sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele e disse: "Tu também estavas com Jesus, o Galileu!" 70Mas ele negou diante de todos: "Não sei o que tu estás dizendo". 71E saiu para a entrada do pátio. Então uma outra criada viu Pedro e disse aos que estavam ali: "Este também estava com Jesus, o Nazareno". 72pedro negou outra vez, jurando: "Nem conheço esse homem!"

73Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-se de Pedro e disseram: "É claro que tu também és um deles, pois o teu modo de falar te denuncia". 74pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo que não conhecia esse homem! E nesse instante o galo cantou. 75pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: "Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes". E saindo dali, chorou amargamente.

Entregaram Jesus a Pilatos, o governador.

27,1De manhã cedo, todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para condená-lo à morte. 2Eles o amarraram, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.

Não é lícito colocá-las no tesouro porque é preço de sangue.

3Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos, 4dizendo: "Pequei, entregando à morte um homem inocente". Eles responderam: "O que temos nós com isso? O problema é teu". 5Judas jogou as moedas no santuário, saiu e foi se enforcar. 6Recolhendo as moedas, os sumos sacerdotes disseram: "E contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço de sangue". 7Então discutiram em conselho e compraram com elas o Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. 8É por isso que aquele campo até hoje é chamado de "Campo de Sangue". 9Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: "Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço do Precioso, preço com que os filhos de Israel o avaliaram - 10e as deram em troca do Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou!"

Tu és o rei dos judeus?

11Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus declarou: "É como dizes", 12e nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos. 13Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" 14Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito impressionado. 15Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse. 16Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás. 17Então Pilatos perguntou à multidão reunida: "Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus; a quem chamam de Cristo?" 18pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. 19Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele: "Não te envolvas com esse justo! porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele". 20Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. 21O governador tornou a perguntar: "Qual dos dois quereis que eu solte?" Eles gritaram: "Barrabás". 22pilatos perguntou: "Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?" Todos gritaram: "Seja crucificado!" 23pilatos falou: "Mas, que mal ele fez?" Eles, porém, gritaram com mais força: "Seja crucificado!" 24pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse: "Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso!" 25O povo todo respondeu: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos". 26Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser crucificado.

Salve, rei dos judeus!

27Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa em volta dele. 28Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho; 29depois teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram, dizendo: "Salve, rei dos judeus!" 30Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. 31Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram para crucificar.

Com ele também crucificaram dois ladrões.

32Quando saíam, encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. 33E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer "lugar da caveira . 34Mi deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. 35Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as suas vestes. 36E ficaram ali sentados, montando guarda. 37Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: "Este é Jesus, o Rei dos Judeus". 38Com ele também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus.

Se és o Filho de Deus, desce da cruz!

39As pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: 40"Tu que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!" 41Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres da Lei e os anciãos, também zombavam de Jesus: 42"A outros salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da cruz! e acreditaremos nele. 43Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus". 44Do mesmo modo, também os dois ladrões que foram crucificados com Jesus, o insultavam.


Eli, Eli, lamá sabactâni?

45Desde o meio-dia até as três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a terra. 46Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito: "Eli, Eli, lamá sabactâni?", que quer dizer: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" 47Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o, disseram: "Ele está chamando Elias!" 48E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. 49Outros, porém, disseram: "Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!" 50Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito.


Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.

51E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. 52Os túmulos se abriram e muito corpos dos santos falecidos ressuscitaram! 53Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas. 54O oficial e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: "Ele era mesmo Filho de Deus!"55Grande número de mulheres estava ali, olhando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, prestando-lhe serviços. 56Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.

José colocou o corpo de Jesus em um túmulo novo.

57Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. 58Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. 59José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo, 60e o colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se. 61Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, diante do sepulcro.


Tendes uma guarda. Ide, guardai o sepulcro como melhor vos parecer.

62No dia seguinte, como era o dia depois da preparação para o sábado, os sumos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos, 63e disseram: "Senhor, nós nos lembramos de que quando este impostor ainda estava vivo, disse: 'Depois de três dias eu ressuscitarei!' 64Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro dia, para não acontecer que os discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo: 'Ele ressuscitou dos mortos!' pois essa última impostura seria pior do que a primeira". 65pilatos respondeu: "Tendes uma guarda. Ide e guardai o sepulcro como melhor vos parecer". 66Então eles foram reforçar a segurança do sepulcro: lacraram a pedra e montaram guarda. Palavra da Salvação!

Comentando o Evangelho

Jesus, o Servo de Deus


Esse longo texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa, quando acompanhamos o processo de condenação e morte de Jesus. Ele é o Servo sofredor por excelência, que, mesmo abandonado pelo seu grupo íntimo, incompreendido e ultrajado, permanece fiel à sua missão.

O processo envolve a traição de Judas, um dos doze. Ele negocia a entrega de Jesus por 30 moedas, o valor de um escravo naquela época. Apesar de Jesus conhecer a decisão que Judas tomou, e sabendo também da tríplice negação de Pedro, não os exclui da ceia em que institui a eucaristia, sinal de sua presença viva nas comunidades e de sua plena doação pela vida do mundo. Judas vai arrepender-se de seu ato, mas não consegue superar o remorso. Prefere dar fim à vida. Diferente vai ser a atitude de Pedro, que, reconhecendo sua covardia, se arrepende e “chora amargamente”.

O relato ressalta a humanidade de Jesus em profundo sofrimento, no lugar do Getsêmani. Na sua total solidão, derrama sua alma diante do Pai, em quem pode confiar plenamente. Manifesta-lhe toda sua fraqueza, pede-lhe socorro e dobra-se à vontade divina, mantendo-se firme na decisão de concluir sua tarefa com todas as consequências. Os discípulos, que deveriam vigiar com Jesus e apoiá-lo nessa hora de extrema dor, preferem abandonar-se ao sono.

Jesus passou a vida fazendo o bem, fiel à missão que recebera do Pai. Sua fidelidade confronta-se com os grupos de poder, concentrados na capital, Jerusalém. O grupo da elite religiosa pertencente ao Sinédrio mantinha seu poder à custa da exploração do povo empobrecido, legitimando suas posturas com interpretações interesseiras da Sagrada Escritura. Apesar de anunciarem a vinda do Messias, conforme as Escrituras, não podiam conceber que essa promessa se cumpriria na figura de alguém despojado de poder e solidário com os fracos e pequeninos. Não só isso: Jesus não adotou a mesma maneira dos rabinos de interpretar a palavra de Deus e toda a tradição de Israel. Seu lugar social era outro. E, por isso, era outro o modo de conceber as coisas. Enquanto a teologia oficial, com base no sistema de pureza, excluía da salvação as pessoas “impuras”, Jesus revela aos “impuros” o seu amor prioritário e oferece-lhes a salvação divina.

O Sinédrio, a instância religiosa judaica central para julgamento das pessoas suspeitas de crimes e de violações da Lei, procura achar um motivo convincente para condenar Jesus. Após muitos falsos depoimentos, apresentaram-se duas testemunhas (número mínimo necessário para a condenação de uma pessoa suspeita) que, também falsamente, depõem contra Jesus, dizendo que ele pregava a destruição do Templo. Foi motivo suficiente: Jesus mexera com o que havia de mais sagrado. Era por meio do Templo que o Sinédrio alimentava o seu poder.

As autoridades judaicas, porém, não tinham o poder de condenar uma pessoa à morte. Por isso, Jesus é levado à instância política ligada ao império romano. Pilatos é o seu representante. Nada percebe em Jesus que possa condená-lo. Até sua mulher lhe manda dizer que, em sonho (considerado o meio pelo qual Deus se manifesta), lhe fora revelado que Jesus era uma pessoa justa. Enfim, o inocente Jesus, por pressão da elite judaica, vai ser condenado. Pilatos lava as mãos e, no lugar de Jesus, solta Barrabás, acusado de assassinato.

A partir daí, Jesus vai sofrer toda espécie de humilhação. É a figura de um escravo sem defesa, entregue às mãos dos zombadores. É desnudado, vestido com um manto vermelho, coroado de espinhos, com um caniço em sua mão direita, e cuspido no rosto; enquanto lhe batem na cabeça, é saudado como “rei dos judeus”, uma das acusações que o levarão à condenação. Simão Cireneu é requisitado para ajudar Jesus a carregar a cruz, pois ele se encontra muito enfraquecido. Quando crucificado, lançam-lhe injúrias, pedindo-lhe que salve a si próprio, já que anunciou a destruição do Templo, outra acusação no seu julgamento.

Eis o Servo na cruz, considerado “maldito de Deus”, conforme declara o texto do Deuteronômio (21,23). Porém, em seu sofrimento e em sua morte, paradoxalmente, manifesta-se a total solidariedade com os sofredores e realiza-se a redenção da humanidade. O véu do Templo se rasga de cima a baixo: o Santo dos Santos fica exposto. A morte de Jesus “liberta” a Deus, aprisionado pelo sistema religioso excludente. A morte de Jesus ressuscita os mortos. Sua morte resgata a vida de todos. Nessa mesma hora, é reconhecido pelo centurião e pelos guardas como “Filho de Deus”. (Celso Loraschi, Vida Pastoral nº 277, Paulus

Cristo vai ao encontro da

morte com liberdade de filho

A oferta de sacrifícios a Deus parece constituir, em todos os povos, a expressão mais significativa do senso religioso do homem. Despojando-se de tudo o que lhe pertence por conquista ou pelo trabalho, o homem reconhece que tudo pertence a Deus e lho restitui em agradecimento. E quando uma parte do que foi sacrificado é comida pelos ofertantes, então se estabelece uma comunhão simbólica entre Deus e os comensais, uma participação da mesma vida.

Na Bíblia, as tradições sacerdotais nos dão a conhecer uma legislação complexa, que poderia facilmente assumir valor autônomo e, portanto, formalista, esquecendo o significado da ação cultual em relação à salvação integral do homem. Os profetas lembram frequentemente que Deus só aceita as ofertas e sacrifícios se são acompanhados de uma atitude interior de humildade, de oferta espiritual de si mesmo, de reconhecimento da própria e radical pobreza e da necessidade de uma libertação que nós sozinhos não podemos obter, mas podemos invocar e esperar de Deus.

O servo de Javé

A pobreza é, pois, o sacrifício espiritual, isto é, a realidade profunda de toda oferta e imolação de animais e de coisas em honra de Deus. Esta é a atitude dos "pobres de Javé", e especialmente do "Servo de Javé"; este, tanto no sentido individual como no corporativo. Enviado para salvar seu povo (a humanidade), é obrigado a suportar perseguições e ultrajes; aceita-os, entretanto, com paciência e mansidão, sabendo que Deus o salvará (1ª leitura e salmo responsorial). Cumpre sua missão oferecendo-se a si mesmo como vítima inocente, para expiar os pecados do povo. Por sua obediência e amor, Deus o exaltará e glorificará; e, com os irmãos salvos, ele louvará o Senhor num sacrifício (banquete) de ação de graças (salmo responsorial) aberto a todos.

Jesus escolhe uma pobreza radical

Na encarnação, Jesus fez sua a pobreza radical do homem perante Deus (2ª leitura). Coerente com esta escolha, apoiou-se na palavra do Pai, que nas Escrituras e nos acontecimentos lhe indica o caminho para cumprir sua missão; não se subtraiu à condição do homem pecador, ao sofrimento que provém do egoísmo, nem aos limites da natureza humana, entre os quais, antes de tudo, a morte. Um homem como todos, um pobre em poder de todos; assim o mostra o sucinto e objetivo relato dos evangelistas (evangelho). Vemo-lo como uma vitima da intolerância e da injustiça, um amotinador ou, quando muito, um sacrificado pelos seus por um falaz cálculo político.

Mas isto não bastaria para dele fazer um salvador. O que resgata a sua morte, o que a transfigura - para ele e para nós - é o imenso peso de amor com que faz dom da vida, para libertar-nos da violência e do ódio, do fanatismo e do medo, do orgulho e da auto-suficiência; para tornar-nos - como ele - disponíveis a Deus e aos outros, capazes de amar e perdoar, de ter confiança e reconstruir, de crer no homem ultrapassando as aparências e as deformações.

A Igreja esta com Jesus crucificado

Só assim a Igreja oferece hoje o sacrifício espiritual agradável ao Pai; quando, reconhecendo-se pecadora e sempre necessitada de salvação, apresenta não os próprios méritos e sucessos, mas a lembrança viva da sua Cabeça crucificada, do Filho bem-amado, de cuja morte e ressurreição recebe luz e força para ser fiel a sua missão. Aceitando com alegria o sofrimento que completa a paixão de seu Senhor e Mestre, a Igreja pode oferecer o sacrifício eucarístico, como voz dos pobres, dos humilhados, dos desafortunados e dos oprimidos, anunciando a esperança da libertação. E pode fazê-lo com tanto mais verdade, quanto mais houver escolhido não os caminhos do poder, do sucesso e do bem-estar, mas o da coragem para repelir a injustiça e compartilhar plenamente da sorte dos humildes.

Mas, sejamos objetivos, imparciais e concretos; isto nos toca pessoalmente; a Igreja somos também nós. Enquanto temos facilidade em ver as culpas ou as fraquezas dos outros, não estamos nós corrompidos pelos mesmos males? Pensamos talvez que acusando os outros nos desculpamos a nós mesmos? Nesse caso, são Paulo nos diria que somos "indesculpáveis" (Rrn 2,1).[Missal Cotidiano, ©Paulus, 1995]

Oração da assembleia: (MISSAL DOMINICAL, Paulus 1995)

Para que a celebração dos mistérios de Cristo nesta semana santa renove profundamente as comunidades cristãs, rezemos ao Senhor: Salvai-nos, Senhor!

Para que em torno da cruz de Jesus se reúnam todos os homens que procuram um sentido para sua vida, rezemos ao Senhor:

Por todos os líderes de não violência dos oprimidos; pelos pobres explorados e pelos poderosos que os exploram, rezemos ao Senhor:

(outras invenções)

Prefácio: A Paixão do Senhor

Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado e morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova. Por ele, os anjos cantam vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória. Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, cantando (dizendo) a uma só voz...

Oração sobre as Oferendas:

Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, sejamos reconciliados convosco, de modo que, ajudados pela vossa misericórdia, alcancemos pelo sacrifício do vosso Filho o perdão que não merecemos por nossas obras. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão:

Ó Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!

Oração Depois da Comunhão:

Saciados pelo vosso sacramento, nós vos pedimos, ó Deus: como pela morte do vosso Filho nos destes esperar o que cremos, dai-nos pela sua ressurreição alcançar o que buscamos. Por Cristo, nosso Senhor.

O amor apaixonado de Deus

Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá - PR

Em diálogo com um jovem ele me perguntava: "Qual a festa mais importante para nós cristãos católicos?" "Natal ou páscoa?" Eu respondi: o que você pensa que seja? Ele timidamente me disse: "Eu penso que é o Natal." Respondi: o Natal é mais iluminado, tem cheiro de festa grande, tudo é empolgante. Mas, para nós cristãos católicos a festa mais importante é a celebração da Páscoa, porque foi na Paixão, morte e ressurreição, que fomos salvos para sempre.

O Filho de Deus feito carne no Natal se torna vítima para resgatar, no Seu sacrifício da cruz, o ser humano mergulhado nas trevas do pecado. Diante desta breve explicação o jovem respondeu: eu sempre senti algo diferente na Semana Santa. Não sei explicar. Agora entendo. Que bacana!

Nas cartas de Santo Atanásio, um dos grandes escritores do século IV, lemos: "É belo, meus irmãos, passar de uma para outra festa, de uma oração para outra, de uma solenidade, para outra solenidade. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado. Do seu alimento nos sustentamos como de um manjar de vida, e a nossa alma se delicia com o sangue precioso de Cristo como numa fonte.

Nosso Salvador está perto daqueles que tem sede, e na sua bondade convida todos os corações sedentos para o grande dia da festa, dizendo:

"Se alguém tem sede, venha a mim, e beba" (Jo 7, 37). Deus, que desde o princípio instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte Seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta Santa Solenidade que não tem igual no decurso do ano".

Somos infinitamente privilegiados. Merecer pelos pecados, unicamente pela nossa humanidade contaminada pelo mal, a salvação pelo próprio Filho de Deus, que deixando o seu ser Deus se fez um de nós, e como homem entregou a Sua vida por todos, é sim um privilégio que jamais entenderemos.

Celebrar a Semana Santa é reconhecer que temos um Deus que nos ama loucamente. Só no amor de Deus podemos aceitar e acreditar nesta graça infinita. Parar, orar, recordar os passos deste mistério de amor, é para todos nós cristãos o sentido da próxima semana que vamos viver.

Por isso é que não posso trocar os três dias da celebração pascal, por três dias que denominamos "feriadão". Não foi em um feriadão que Deus nos amou. Não foi em dia de folga que Deus assumiu a nossa miséria humana. Não foi passeando que Deus inventou o dia Santo da Páscoa. Mas tenho o direito de descansar? Claro que sim. Porém, antes, tenho o dever de agradecer o amor que Deus tem por mim, de maneira especial participando do Tríduo Pascal.

O poder de Deus manifestou-se em nós e por nós no segredo profundo de Seu amor apaixonado, criando-nos à Sua imagem e semelhança, e resgatando-nos para sempre. Somos herdeiros de uma herança eterna, herança merecida por Jesus, de nossa parte, sem mérito algum.

Celebrar a Semana Santa é reviver cada passo de nossa salvação. É trazer ao coração o que existe de mais fundamental na nossa existência terrena. Quem sabe não teremos outra Semana Santa para reconhecer o amor apaixonado de Deus, por mim e por você. Essa talvez será a última chance!

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