quarta-feira, 6 de abril de 2011

«O Meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também continuo!»

Quarta-feira, 6 de abril de 2011

Quarta Semana da Quaresma - 4ª Semana do Saltério (Livro II) - cor Litúrgica Roxa

Santos: Cento e vinte Mártires da Pérsia, Marcelino (mártir), Celestino (papa), Eutíquio (bispo), Prudêncio (bispo), Nodegar ou Notero o Gago (beato), Guilherme de Eskill (abade), Catarina de Pallanza (virgem e beata), Diógenes

Antífona: A vós, Senhor, minha oração dirijo, no tempo em que me ouvis; respondei-me, ó Deus, com a largueza de vossa misericórdia e com a verdade de vossa salvação. (Sl 68, 14)

Oração do Dia: Ó Deus, que recompensais os méritos dos justos e perdoais aos pecadores que fazem penitência, sede misericordioso para conosco. Fazei que a confissão de nossas culpas alcance o vosso perdão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.

I Leitura: Isaías (Is 49, 8-15)

O Cântico do Servo

8Isto diz o Senhor: "Eu atendo teus pedidos com favores e te ajudo na obra de salvação; preservei-te para seres elo de aliança entre os povos, para restaurar a terra, para distribuir a herança dispersa; 9para dizer aos que estão presos: 'Saí!' e aos que estão nas trevas: 'Mostrai-vos'. E todos se alimentam pelas estradas e até nas colinas estéreis se abastecem; 10não sentem fome nem sede, não os castiga nem o calor nem o sol, porque o seu protetor toma conta deles e os conduz às fontes da água.11Farei de todos os montes uma estrada e os meus caminhos serão nivelados.

12Eis que estão vindo de longe, uns chegam do norte e do lado do mar, e outros, da terra de Sinim. 13Louvai, ó céus, alegra-te, terra; montanhas, fazei ressoar o louvor, porque o Senhor consola o seu povo e se compadece dos pobres.

14Disse Sião: 'O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!' 15Acaso pode a mulheres esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti". Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Preservei-te para seres elo de aliança entre os povos

Há um tempo particular; no qual Deus decide intervir. Esta intervenção, apesar das aparências, não estará na ordem da providência "normal", pela qual Deus "dá o sustento a todos os que lho podem" e enche de bênçãos todo ser vivo. Israel distingue-se dos outros povos, não porque receba mais do que eles os bens da terra. A terra de Israel não deixa nunca de ser uma terra "prometida". Israel faz experiência exatamente de ser o guarda dessa promessa. Muitas vezes, as profecias alongam-se em descrever os bens que serão dados a Israel, mas estes bens são como o sal que o pastor promete à ovelha, para trazê-la consigo por montes e vales rumo ao pasto. Este jogo de sempre prometer sal e de tê-lo sempre em mãos pode parecer em certos momentos uma zombaria, mas ai das ovelhas se o jogo cessasse! Ai delas se o pastor se desinteressasse pelo rebanho! Isto não acontecerá. O Senhor não se esquece. O Senhor está perto (Salmo). Deus tira Israel de sua tranquilidade para depois caminhar à sua frente. Ao segui-lo. Israel vê o próprio caminho e torna-se livre. [MISSAL COTIDIANO. ©Paulus, 1997]

Salmo: 144 (145), 8-9.13cd-14.17-18 (R/.8a)

Misericórdia e piedade é o Senhor

8Misericórdia e piedade é Senhor, ele é amor, é paciência, e compaixão. 9O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura.

13cO Senhor é amor fiel em sua palavra, 13dé santidade em toda obra que ele faz. 14Ele sustenta todo aquele que vacila e levanta todo aquele que tombou.

17É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. 18Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.

Evangelho: João (Jo 5, 17-30)

Discurso sobre a obra do Filho

Naquele tempo, 17Jesus respondeu aos judeus: "Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho". 18Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus.

19Tomando a palavra, Jesus disse aos judeus: "Em verdade, em verdade vos digo, o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz também. 20O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. 21Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer. 22De fato, o Pai não julga ninguém, mas ele deu ao Filho o poder de julgar,23para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.

24Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, pois já passou da morte para a vida. 25Em verdade, em verdade, eu vos digo: está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem, viverão. 26Porque, assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27Além disso, deu-lhe o poder de julgar, pois ele é o Filho do Homem.

28Não fiqueis admirados com isso, porque vai chegar a hora, em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho e sairão: 29aqueles que fizeram o bem, ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação. 30Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto, e meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou". Palavra da Salvação!

Comentário do Evangelho

Procuravam matá-lo

O ódio crescente contra Jesus e a decisão de matá-lo tinha uma razão bem clara: sua pretensão de fazer-se igual a Deus. Isto se deduzia da liberdade com que trabalhava em dia de sábado. Segundo a teologia da época, só Deus trabalha em dia de sábado para garantir a subsistência da criação e da vida sobre a face da Terra. Os sinais realizados por Jesus, em dia de sábado, tinham características semelhantes, pois estavam estreitamente relacionados com a recuperação da vida.


Nos seus ensinamentos, Jesus jamais chamou-se de “Deus”. De fato, sempre falou do Pai, a cuja vontade estava submetido, do qual viera e para o qual voltaria, que o enviou com a missão de restaurar a existência humana corrompida pelo pecado. Sua palavra era perpassada pela consciência de ser Filho. Nunca pretendeu usurpar o lugar do Pai; antes, soube colocar-se no seu devido lugar até o último momento, quando exclamou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!”.


Jesus, porém, tinha consciência de ser o caminho de encontro com o Pai. Quem acolhesse suas palavras, estaria acolhendo as palavras do Pai. Crer nele comportava crer no Pai. Honrá-lo corresponderia a honrar o Pai. Pelo contrário, rejeitá-lo significava rejeitar o Pai.


A teologia rígida dos adversários de Jesus não podia suportar tamanha ousadia. A decisão de matá-lo foi o expediente extremo para eliminar uma pessoa incômoda. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Jaldemir Vitório, ©Paulinas]


Comentário ao Evangelho do dia feito por :

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
O Génesis em sentido literal, 4, 11-13 [21-24] (a partir da trad. Bibliothèque Augustinienne, t. 48, DDB 1972, pp. 307ss. rev.)

«O Meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também continuo!»


Gostaríamos de explicar como é possível compatibilizar o texto do Génesis onde está escrito que Deus repousou ao sétimo dia de todas as Suas obras, com o texto do evangelho onde o Senhor, por Quem todas as coisas foram feitas, diz: «O Meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu também continuo!» [...] A observância do sábado foi prescrita aos judeus para prefigurar o repouso espiritual que Deus prometeu aos fiéis que fizessem boas obras, repouso cujo mistério o Senhor Jesus Cristo confirmou com a Sua sepultura, porque foi num dia de sábado que Ele repousou no túmulo, [...] depois de ter consumado todas as Suas obras.


Podemos pensar que Deus repousou de ter criado os diversos géneros de criaturas, porque não voltou a criar novos géneros; mas [...] nem neste sétimo dia deixou de governar o céu, a terra e todos os outros seres que tinha criado, pois de outra maneira eles ter-se-iam diluído no nada. Porque o poder do Criador, a força do Omnipotente, é a causa pela qual subsistem todas as criaturas. [...] Com efeito, não se passa com Deus o mesmo que com um arquitecto que, concluída a casa, se afasta e [...] a obra subsiste. Pelo contrário, o mundo não poderia subsistir, um instante que fosse, se Deus lhe retirasse o Seu apoio. [...]


É isto que afirma o apóstolo Paulo quando pretende anunciar Deus aos atenienses: «Nele vivemos, nos movemos e somos» (Act 17, 28). [...] Com efeito, não somos em Deus como a Sua própria substância, no sentido em que é dito que Ele «tem a vida em Si mesmo»; mas, sendo algo diferente Dele, só podemos ser Nele porque Ele age desta maneira: «A Sua sabedoria estende-se de um extremo ao outro do mundo e governa o universo» (Sb 8, 1). [...] Nós vemos as obras boas que Deus fez (Gn 1, 31). e veremos o Seu repouso depois de termos realizado as nossas obras boas.

Oração da assembleia (Liturgia Diária)

-Senhor, abençoai e fortalecei vossa Igreja. Senhor, ouvi-nos e atendei-nos.

-Ajudai-nos a seguir fielmente os passos de Jesus.

-Consolai os enfermos e os oprimidos de nossa sociedade.

-Protegei a todos os que anunciam a vossa palavra.

-Fazei que as leis tenham como princípio a defesa da vida.

-Preces espontâneas

Oração sobre as Oferendas:

Ó Deus de clemência, que a força deste sacrifício nos lave da antiga culpa e nos faça crescer na vida nova, participando da vossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor.

Antífona da comunhão:

Deus não enviou seu Filho para julgar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (Jo 3, 17)

Oração Depois da Comunhão:

Nós vos pedimos, ó Deus: não permitais que a eucaristia, instituída para salvar-nos, possa levar à condenação aqueles que a recebem. Por Cristo, nosso Senhor.

Para sua reflexão: Jesus identifica a sua própria atividade com a do soberano Juiz, daí a indignação dos judeus que não consideravam que Jesus e Deus eram iguais. É próprio do Filho, por ser homem, julgar ou pronunciar sentença contra os que não creram e agiram mal, por delegação do Pai. Jesus, como homem e segundo a visão de Daniel (Dn 78,14), recebe do Pai o poder de julgar em última instância, no juízo definitivo, ao qual deverão comparecer todos: uns para a vida, outros para a condenação. Quem entende um pouco o mistério da Santíssima Trindade não terá dificuldades de entender que o Filho e o Pai são a mesma coisa.

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